sexta-feira

Hoje fui almoçar com a minha chefe, tivemos na conversa algum tempo. Diz que sofre muito por viver em Portugal (o que se percebe).
Pelos vistos foi embora quando era miúda e passado uns 20 anos voltou. Pensáva que iria ter vida regalada, trabalhar numa multinacional a ganhar salário internacional, cheia de qualificações académicas e experiências profissionais de se lhe tirar o chapéu, saiu-lhe o tiro pela culatra! Deve ganhar bem, também trabalha numa multinacional, mas faz horas extra que é um doce, depara-se com padrões de exigência profissionais um bocadinho diferentes do que estaria habituada, a velha história que todos sabemos.
Até aqui tudo bem, mas diz mal de tudo e ainda por cima pensa que é diferente de todos, tipo iluminada. É certo que é uma mulher inteligente e com um humor perspicaz, é culta e criativa. Mas não há pachorra. Menina de Cascais que teve a sorte de ter uns pais interessantes e com pasta, que lhe deram o melhor, sente-se diferente dos amigos...claro são todos uns betos que não pensam com a própria cabeça e nem tentam, burrifam-se em tudo. Evidente que a menina é brilhante e se sente diferente.
Faz-me lembrar os estrangeiros que vivem nos países de 3º mundo, tipo os amigos que conheci da minha mãe em Marrocos, a minha própria mãe ou mesmo os estrangeiros que vivem no Alentejo, lá isolados nos montes. Dizem mal de tudo, os locais são burros, aldrabões, balofos e provincianos, quando não coisa pior.
Porém, são fonte de diversão para os estrangeiros e aquilo que estes gostam nos indígenas é a sua simplicidade, generosidade e inocência quase primitiva, são todos muito exótico-eróticos. Podem-lhes comer a cabeça e iludir com os hábitos avançados e ocidentais. Dizem que são tolerantes, mas implacáveis com os da terra. Não percebo o cinismo.
Este pessoal procura viver num país menos avançado, e percebo porquê, também queria. Custo de vida mais baixo, dá-se valor a uma série de coisas que na cidade nem nos lembramos, põem-nos, não raras vezes, em contacto com a natureza e com gente menos stressada. O que não acontece nas grandes cidades e Portugal também não é tão em África assim. É verdade que não temos padrões de vida realmente europeus, nem hábitos, nem serviços, nem educação e isso por si só faz um povo e que para quem vem de fora até conseguimos ser típícos q.b. e exóticos.
De qualquer forma, irrita-me cada vez mais o dizer mal, sempre, qualquer que seja a abordagem é para destruir e o que não quer dizer que ache que sou branda ou pouco crítica. Porém assumir a posição do sou bué diferente e ninguém me compreende parece-me a postura contrária a ter.
Ser provinciano é mau, mas ter a mania anda lá taco-a-taco

1 comentário:

Anónimo disse...

tás despedida marini :p
arruma os saquitos e põe-te a monte