sexta-feira

É mesmo, mas mesmo saturante

Já há algum tempo que me ocorreu escrever sobre a saturação da imagem dos gato fedorento, mas motivos maiores afastaram-me deste escape cibernético. Como tal, vou explanar o meu ponto de vista sobre esta saturação comercial que me incomoda.

Na realidade, nunca fui grande admiradora dos gato fedorento, acho que têm piada e que são inteligentes, no entanto, não raras vezes, cansam-me com a extensão dos sketches. Mesmo assim, reconheço o talento e até me irrita mais esta saturação dos 4 mal-cheirosos, anúncios por todo o lado, descobriram que a publicidade dá guito e não querem mais nada. No metro, na tv, na rádio, na imprensa, em todo o lado aqueles slogans da PT, que chatice.

Isto é próprio da publicidade, a descoberta de uma fórmula e a sua repetição até à exaustão, até mais ninguém em Portugal conseguir ouvir e ver os 4 amigos. Admira-me, e porque os considero inteligentes, que alinhem nesta saturação, overdose de piadas made-in gato fedorento. Todas as semanas na tv, nos spots da PT, na net...enfim.

A banalização é contraproducente, especialmente na área dos media, publicidade e mesmo em termos de estratégia comercial. Claro que presentemente não o é para quem os contracta como a PT que os escolheu para darem a cara dos seus produtos e para os próprios durante algum tempo também não. Porém, vai chegar a altura em que não o poderemos ver, juntando isso ao facto de as piadas actuais estarem a ficar demasiado óbvias e fáceis, o futuro será bem enfadonho.

Claro que é um programa para uma audiência vasta e generalista que terá que chegar a mais gente, que fale de assuntos de domínio geral e tal e tal, nada contra, só acho que ganhar dinheiro com publicidade nem sempre é a alternativa. São opiniões e quem quer dá-las, dá-las!

quinta-feira

Tributo a uma vida

Porque a vida cada vez vale menos este texto é um tributo à vida de um colega de trabalho que nos deixou da forma mais cruel e fria, fruto dos tempos. Tempos em que a vida só vale para quem nos ama e acompanha, vida que para quem não nos conhece é tão facilmente desvalorizada.

Não sei muito bem o que escrever sobre a ausência, sei que sinto um peso nos ombros, o peso da morte, o peso da surpresa, da admiração e do conformismo imediato com que a morte nos confronta.

Estejas onde estiveres, que esta nova etapa te sorria e que encontres a paz que ansiavas e te rodeies de seres que tal como tu, dão gargalhas sonoras e acreditam na vida sem nunca desistir.

quarta-feira

Ensino português? É favor de demolir e construir tudo de novo!

A esta hora a página do Público está recheada de pérolas, desde não existir sala para os deputados receberem a Comissão Temporária do Parlamento Europeu para deslindar os voos da CIA com prisoneiros de Guantamano e o envolvimento de Portugal no caso, até ao facto já mais que sabido, que apenas 2% da população planetária dividir entre si mais de 50% da riqueza mundial, segundo um estudo apresentado pelas Nações Unidas, passando pelas crianças letãs enviadas para prostituição para Portugal. Mas a que mais intrigada me deixou foi a apresentação de um estudo realizado pelo CIES sobre a discriminação nas escolas.

Pelos vistos, e segundo esta pesquisa que ainda não está completa, o sistema de ensino português agrava as desigualdades sociais. Isto é, a escola portuguesa discrimina "(...)os alunos por escolas, por turmas e por vias de ensino"(in Público, 06/12/06) o que e segundo o estudo agora apresentado, agrava as desigualdades sociais.

Ao analisarem vários estabelecimentos de ensino, os investigadores chegam à conclusão que existem escolas de primeira e escolas de segunda (dado que não é propriamente novo). As de primeira têm alunos de excelência, que reprovam menos e que inclusivamente, aprendem em equipamento e com equipamento melhor que os outros miúdos com menos sucesso escolar. Literalmente os maus alunos são empurrados para escolas onde as condições fisícas e os equipamentos são e estão mais degradados (penso cá para mim que deverão vir das escolas dos meninos inteligentes), a percentagem de alunos que chumbam é enorme e até o corpo docente nestas escolas é mais instável. Mesmo nas escolas onde coexistem alunos todo o tipo de alunos, a diferenciação é feita na composição das turmas: os bons alunos são todos colocados na mesma classe, enquanto os atrasados mentais e burros dos menos favorecidos a nível social, são colocados todos na mesma classe que é para os professores colarem a pestana mais rápido e absorverem bem que há alunos nos quais vale a pena investir, outros nem por isso.

O mais grave é que desde 2001 existem dados empíricos que alertam para este aspecto: o da escola contribuir para a desigualdade social e o que foi feito, nada, só para não variar.

No entanto, a violência cresce nas escolas e agora não é só entre os alunos, é também contra os professores e funcionários, os agentes que criam mais desigualdade num espaço que deveria ser de aprendizagem, onde os valores da igualdade perante as oportunidades e tratamento deveriam ser transmitidos e cultivados. Posto isto, apenas me ocorre escrever que o fascimo está presente nas instituições de ensino portuguesas e como tal, as consequências que daí advém serão brutais, não só dentro da escola como fora dela.

Os investigadores acrescentam ainda que se nos anos 70 e 80 depois do primeiro ciclo terminado, apenas os alunos de classes priveligiadas frequentavam a escola, presentemente a escola acolhe toda a gente, mas cria fossos e pratica desigualdades. Ainda está por apurar, pelos mesmo especialistas vários outros factores. Por enquanto, asseguram que todos estes factores de tratamento discriminatório são determinantes no que toca à violência que se faz sentir nas escolas portuguesas.

sexta-feira

Noites quentes e mal dormidas.
apetece escrever sem ler o que fica nas linhas do papel. a folha vazia não é uma angústia. angustiante é a vida e as suas escolhas, os caminhos que transformo em letras, pretas e espessas. no seu conjunto não raras vezes a preto e branco, vão colorindo o vendaval que sobre ti se abate.

ingenuamente, encho o lençol e sou invadida por um prazer aliviante, de esvaziar o recipiente pensante, aglutinador do mundo em mim.

alma que me atormenta nas noites de calor, sufoca o corpo e a mente, transborda do cérebro a lava incandescente do dilúvio temperamental do dia e noite que passa e se entreanha na pele. de onde vim sei... páro na estrada dos caminhos escuros, reluzentes de promessas, perco-me nos trilhos falsamente fáceis do percurso. entre as árvores os sons, cheiros e óasis de vidas e cores, iluminam a passagem, o futuro caminho. no meio e entre o ambicionado e o presente, braços de árvores centenárias, frondosos ramos cortam a vista. ir mais além.

casas aconchegantes e ternurentas, cheias de familariedades e cantos explorados, apinhados de rotinas e hábitos, umas vezes coloridos, umas vezes extenuantes e chatos. Nem um buraquinho desconhecido no chão do refúgio. Os animais e secretismos já não vivem aqui. Apenas o pó criado pela contemplação e hábito do conforto e aconchego.

quando sopra a brisa, o vislumbre, nada claustrofóbico do mar calmo e fresco, depois da falta de sombra, alimenta o desejo de mergulhar. novamente, no caos refrescante que vive em ti, em mim, por entre os prédios de vibrações rectas e altas, ondulantes de recheio orgânico. existir e sentir.
Agosto/06