terça-feira

Nos últimos dois dias aprendi a pronunciar azulejos em castelhano, nos últimos dois meses e agora num exercício que me é tão característico, embelezo a minha vida de exploração laboral, e como escrevia atrás, nos últimos meses aprendi a raciocinar em várias línguas sem que isso me tire a calma ou o sono.

Aprendo todos os dias mais uma palavra nova que adiciono ao parco léxico que tenho de todas as línguas que estão para lá do Inglês e do Português. Todos os dias treino a pronúncia do castelhano afincadamente, quase que estabeleço uma troca inconsciente com os turistas que procuram os meus esclarecimentos, informo-te e tu ensinas-me palavras novas e pronúncias correctas.

Como é mais fácil comecei pelo castelhano, naturalmente. O grau de entendimento é enorme e quase que não dá para dizer que não falo castelhano com ninguém que me fale nessa língua do demo! Já se sabe que de lá, nem bom vento, nem bom casamento.

Apercebo-me então da vantagem que granjeamos, os tugas, em relação a muitas nacionalidades que traduzem todos os conteúdos internacionais para a sua língua materna, a falta de abertura auditiva a outras línguas, especialmente quando essas línguas têm a mesma raiz que a nossa, no caso dos idiomas latinos língua morta, mas fundadora da nossa identidade comum e isto, na verdade, não é nada pouco. Capacita-nos de falar quase tudo e aliado ao facto de por cá, não se dobrar nada a não ser os programas infantis, ficamos em vantagem para com os espanhóis, os franceses ou italianos que dobram tudo para o seu idioma.

Isto é de louvar e é a protecção de um dos mais importantes elementos da nossa cultura, mas sem conta, peso e medida pode ser também um fechamento que não se quer. Um individuo que esteja exposto a mais do que a sua língua materna e não só em contexto académico, é uma pessoa mais preparada para o futuro, é uma pessoa mais aberta, mais ágil e mais tolerante.

Isto porque aprender e dominar novas línguas é um factor de aproximação com o mundo, é mundividência sem sair do mesmo sítio.

Lá se diz que existem muitas formas de viajar pelo mundo fora. Viajar pela língua dos outros é sem dúvida uma das melhores formas de nos aproximarmos dos restantes povos do mundo.

Pena será, que mesmo com a quantidade imensa de conteúdos nas mais variadas línguas, existam idiomas com os quais não posso contar com a familariedade ou com a exposição mediática, nem como o portunhol ou mesmo com séculos de relações. Contínuo sem ter a mínima noção do que diz um alemão furioso com a desorganização dos sites turísticos portugueses ou com o ritmo de vida tão diferente do seu que Lisboa transpira. Pois é pazinho, é a vida, assim como assim, se não falarmos na língua dos outros não percebo nada do que dizes.

Tem sempre a sua piada a Torre de Babel, parece que nem é um castigo assim tão grande!