Bebé chorão
O céu nem sempre está azul, o sol nem sempre brilha e nos aquece os pezinhos e também por isso, nem tudo é sempre cor de rosa, sem dúvidas e com certezas tranquilizantes.
Sigo por esta estradinha de tijolos que vai unindo os dias e as noites, por vezes paro nos jardins e sento-me nos bancos, acompanhada por caras e sorrisos familiares outros nem tanto, por vezes dou por mim a olhar, sozinha nos miradouros que ladeiam a estradinha de tijolos que percorro diariamente, vezes há que descanso nos abrigos dado pelas copas das árvores, outras que me escondo e protejo das chuvas nas casa de madeira que vou encontrando, numas caí água e ouço o vento a querer entrar pelas frinchas da madeira gasta da porta frágil que fecho atrás de mim, por vezes encontro moradias modernas, robustas e luxuosas, entro e sento-me descansada à lareira e usufruo do aconchego do lar, mas as que me dão mais prazer entrar são as que vazias rapidamente se tornam minhas.
Já lá vão seis casas e muitos amigos, estórias, aventuras e gargalhadas e em todas elas chorei, chorei até ficar sem ar, lágrimas que caem pelo meu rosto porque não podem ficar mais nos saquinhos lacrimais, não aguento a pressão e tantas vezes não sei porque aconteceu e fui sempre feliz em todas elas e sempre senti que a mudança de uma para a outra é feita de forma sequencial, uma montanha que vou trepando e agora, que parece que cheguei a algum lado, vejo do alto do prédio, uma cidade que me acolheu e me transformou.
É verdade, estou aqui há menos de um mês e já chorei. Parece-me que vou chorar muito mais, mas as gargalhas que já dei nestas quatro paredes, em pouco menos de um mês, parecem compensar todas as gotas de água que possam deslizar pelas minhas bochechas gordinhas e de eterno bebé!