quinta-feira

Está tudo bem, mesmo quando corre mais ou menos, indo para menos! Angústia de quem não tem nada para escrever e tanto para dizer, angústia perante uma tela vazia pronta a ser enchida por letras e letrinhas.

O Messenger da tua prima! Ouvi dizer que ventos trazem personagens familiares que albergam cantos escondidos de desilusão, passa o Inverno, caí aquela chuvada que limpa as lágrimas e o rancor. porém não deixa esquecer a desilusão que trás o teu lado lunar.

Dia de visões há tanto deixadas para trás, encontros de dias passados que deixaram amargo na boca e na alma. Não há crise, os pássaros cantam lá fora, é noite, madrugada quase a trazer um novo dia, esperanças vãs. Mas o que seria do meu dia sem elas? Pergunta retórica que não merece resposta, sei na ponta da língua. Sonho, espero, ando e por vezes alcanço...

Amanhã vou-me arrepender de te ter escrito.

domingo

Foi ver finalmente o The Departed e saí da sala de cinema com curiosidade em saber o que se escreveu sobre o filme, as reacções que este provocou, já que se trata de uma trama perturbadora, não tanto pela violência óbvia, mas pela violência a que Leo DiCaprio e Matt Damon são sujeitos, meros joguetes nas mãos de homens viciados e obstinados.

O elenco é grande e Scorcese conseguiu retirar destes actores o melhor que têm para oferecer, Jack Nicholson volta no seu melhor, uma grande e perturbante prestação; visceral, anímica e esquizofrénica. E enquanto via o filme, identifiquei muito cedo a esquizofrenia da trama e dos personagens de The Departed, no fim de tudo e depois de ter passado por alguns momentos de seca tremenda, acho o filme excessivamente grande e que nada acrescenta, saí da sala desgustosa.

Não retiro o mérito a nenhum elemento interveniente, bem como ao realizador, no entanto, não deixa de ser um filme violentamente gratuito que na ânsia de retractar um mundo cão e uma América que Scorcese conhece tão bem, e melhor que isto, sabe tão bem retractar, porque conhece a sua fundação, percebe o que a faz mexer, não é surdo, nem cego às ruas do país onde vive, não é surdo, nem cego à natureza humana, nada me deixa.

Deixa-me a conspiração permanente, a luta do gato e do rato, as traições e as máscaras que são colocadas diariamente por todos nós. Claro que o mundo é assim, claro que poucas vezes se distingue o bem do mal, os vilões dos bonzinhos, claro que o fim não poderia ser muito diferente, acredito no entanto, que mesmo o mundo sendo puro e duro, não era necessário matar o elenco inteiro.

Essencial é ver e sair do filme com a certeza que o DiCaprio cresceu e melhorou, se esforçou e é neste momento um bom actor, não podemos é esquecer que dirigido por um mestre do cinema. Mestre esse, que acaba por fazer um exercício de estilo, deixando assim para a posteridade toda uma herança, condensada num manual de iniciação a Scorecese, intrincado, perspicaz, genial, dominador da sua arte.

quinta-feira

Rotinas

Levanto-me ao fim da manhã, tomo banho, almoço e entre a preparação do dito faço algumas tarefas domésticas, saio de casa, faço o mesmo caminho a pé para o trabalho todos os dias. Tomo café pelo caminho, às vezes lá encontro um ou outro conhecido, às vezes lá vejo alguma ou outra coisa que me desperta a atenção e assim vou gozando o sol que me banha, neste curto trajecto.

Chego ao trabalho e é rotina atrás de rotina, vejo os emails, o trabalho do dia anterior, leio o jornal online, vou buscar ou levar qualquer coisa ao andar de cima, depois coisas chatas e aborrecidas, às vezes faço entrevistas de selecção de pessoas, outras vezes invento coisas para fazer.

Entre as quatro e quatro e meia fumo um cigarro, entre as cinco e as seis faço o intervalo, entre as sete e as oito fumo outro cigarro, entre as oito e as nove adormeço de olhos abertos, entre as nove e as dez o meu espírito agita-se mais que um avião a sobrevoar um poço de ar.

Quando penso em me queixar desta vidinha, penso que já estive pior e lá me adormeço novamente, lá domo o desejo e a vontade infantil de querer fazer nada, quando reprimo estas vontades sinto que não sou honesta comigo, quando em dias como hoje acordo com a notícia de mais uma morte (este foi o meu primeiro contacto com a vida), um email das Finanças a dizer que terei de pagar retenções na fonte de 2005 e um email laboral a comunicar que muito do trabalho que temos feito foi anulado e por isso, temos que andar para trás como o caranguejo, não posso deixar de sentir e exprimir que apesar do belo dia de sol que se apresentou, de ter emprego, responsabilidades e blá, blá, blá, existem muitas outras formas de vida e por mais estranhas que pareçam, são bem mais felizes, é preciso é ter coragem para as abraçar.

Por isso, tenho vontade homenagear todas as pessoas que vivem e não olham a directrizes ou ao deve-ser que seguem os seus desejos e vontades mais profundas e intimas, que fazem da vida uma cruzada das suas vontades, até pode ser egoísta essa forma de estar, até pode ser hedonista, até pode ser discutível, até pode ser....mas nesta curta passagem é concerteza mais intensa e feliz!