quinta-feira

A mesma decepção de sempre!

Já não ia a uma entrevista de trabalho na área do jornalismo há algum tempo e ingenuamente, tenho sempre a sensação que se eu mudo, então o resto também deverá mudar, não falo de um sentimento egocêntrico, mas sim pelo facto de achar que as coisas não são estanques, mas sim dinâmicas, para trás ou para a frente, mudam, tão só. Mas qual é o meu espanto em perceber que tudo contínua na mesma.

Um estágio de 3 meses numa revista feminina com as seguintes condições:

1- Horário em regime full-time_9:30 às 18:30, sendo que em semana de fecho da edição a coisa pode sempre mudar. Nisto a directora diz-me que a hora de entrar é sempre a mesma:9:30, agora a hora para sair, isso já não se sabe muito bem;

2- De segunda à sexta-feira;

3- 150 euros de renumeração. Sempre dá uma ajuda ao estagiário para o passe e a alimentação.



Apeteceu-me levantar e deixar a senhora a falar sozinha. Só não o fiz porque também faço entrevistas de recrutamento e sei o chato que é. Porém o melhor nem foram as condições apresentadas. O melhor foi a arrogância da dita cuja, que sem qualquer pudor me disse que muito provavelmente eu não deveria perceber nada de imprensa, nem do que é ser jornalista. Porque para se ser um bom jornalista tem que se ter o bicho da escrita, o da escrita criativa(quase que me amandava para o chão de tanto rir). Depois ainda me disse que o pessoal que vêm de Comunicação Social ou de qualquer curso ligado ao Jornalismo não vale nada, tudo no mesmo saco e vamos embora.

Ás páginas tantas, apeteceu-me perguntar mas afinal quem é que é o objecto desta entrevista? Eu ou a senhora Directora? Falou, falou. Tomou dois apontamentos sobre o que lhe disse sobre as publicações que tenho por hábito ler. Fez uma série de perguntas pseudo-profundas às quais fez questão em responder por ela e supostamente por mim, a candidata a estagiária, formada em Comunicação Social e que por isso, não sabe nada.


Não engulo sapos, muito menos por 150 euros! E fiz questão em lhe dizer que sim, que sei umas coisas, não sei tudo nem nada que se pareça, mas não me armo com falsas humildades, não leio a publicação que ela dirige, li uma ou duas vezes e todas as opiniões que emiti durante a entrevista em relação à Happy Woman foram conclusões retiradas na sala de espera, enquanto folheava a publicação. Observações com as quais ela concordou. Não sei tudo, mas vou percebendo algumas coisas


Fiquei a saber que a senhora directora é formada num outro curso que não tem nada a ver com o Jornalismo e que depois de fazer uma pós-graduação na área que agora exerce é que se rendeu definitivamente ao tal bichinho da escrita, mas só a criativa, também fiquei a saber que começou a escrever sobre Spas e provavelmente foi a primeira jornalista a fazê-lo....What tha fuck? Quero lá saber disso, não estamos aqui para falar sobre ti ou a tua experiência. Só passado algum tempo é que ela confirmou qual a minha formação académica. De resto, começou por me perguntar se tinha bom feitio! AHHHHHH. Disse-lhe que dependia de muita coisa, especialmente d@ interlocutor e da situação. (Não se riam, vá lá, que eu até ando mais mansita e tudo).

Naquele preciso momento e depois de ela se ter atrasado para me começar a fazer a entrevista, estava bastante chateada com a falta de consideração, claro que com o decorrer da conversa fiquei ainda mais piurça e neste momento, apetece-me enviar um email à senhora directora e explicar porque é que quando vamos fazer uma entrevista de recrutamento devemos pelo menos assumir algum respeito pela pessoa que está do outro lado. Que convém ler os Cv´s antes e mais que uma vez e que a entrevista serve exactamente para conhecermos o entrevistado e não para à-vontade desfiarmos sobre a nossa fantástica vida e sobre o facto de sermos pioneiros na divulgação dos Spa´s em Portugal.

Fiquei de enviar um texto de 3000 caracteres para a senhora directora me ficar a conhecer melhor. Parece que é curiosa. Disse que sim, mas acho que vou pensar melhor sobre se quero realmente perder mais do meu tempo com ela e a sua fantástica e revolucionária publicação feminina. A que sai das aspirações e passa para as acções.




sexta-feira

Extrema-direita_JÁ BASTA

Eles andam aí e andam atrás de todos aqueles que a eles se opuserem. Não só querem expulsar os imigrantes e purificar a "raça portuguesa" como se tal fosse possível, também e se tiverem oportunidade para isso querem perseguir quem for diferente, quem viver formas de vida alternativas, quem acreditar na democracia e na igualdade. Às mulheres relegam-nas para segundo plano. Machistas e conservadores, num mundo neofascista não teríamos expressão. Aos imigrantes, nem vale a pena enunciar as atrocidades que estariam sujeitos. Aos democratas, progressistas e humanistas a vida também não seria facilitada. Enfim, ideais fascistas não iriam favorecer ninguém, se não aqueles que comunguem das suas ideias castradoras, assassinas e preconceituosas.


O quotidiano como o concebemos não seria possível. Mas ainda há gente que parece querer voltar aos tempos cinzentos e persecutórios do Estado Novo, ainda há gente que não assimilou que o mundo é composto por pessoas que independentemente da cor, raça ou género é humano e merece viver onde quer que queira, assumir a vida que lhe apeteça, andar com quem quer.


Quando estes senhores vêm falar de liberdade de expressão, não sabem do que falam, porque a forma como vivem e concebem a liberdade de expressão em nada se aproxima há que está descrita e prevista na Constituição Portuguesa ou enraizada nos valores pelos quais nos regemos. Assim que tivessem oportunidade acabariam com ela, assim que tivessem oportunidade tratariam gente igual a todos nós como se fossem inferiores, rapidamente nos proibiriam de ler o que queremos, ouvir a música que gostamos, acabariam com a cultura e com o ensino e sabe-se lá com mais quantas conquistas da democracia e da tolerância. Acabariam com os actos de solidariedade para com os nossos semelhantes. Rapidamente nos mergulhariam nas trevas e no obscurantismo.

Mas ainda há gente que acredita neles e que acredita que esta é a melhor solução para todas as crises políticas e sociais do nosso tempo. O meu conselho para essas pessoas é que se enfiem em Auschwitz e construam lá, por cima das cinzas dos milhões de judeus que Hitler assassinou, essa tal sociedade ariana e pura, pelos vistos muito superior à civilização humana até agora conseguida. Porque por mais defeitos que o mundo tenha e a civilização ocidental apresente, não a trocaria por nenhum destes senhores e na minha óptica nem um cartaz na janela de casa deveriam ter o direito de afixar!

O racismo é crime, a xenofobia é crime, a incitação à violência e ódio racial é crime previsto e punido pela Constituição Portuguesa e restantes enquadramentos legais. Quem praticar o contrário deverá ser severamente punido.

Não esqueçamos as conquistas do 25 de Abril, nem as provações que as nossas famílias e amigos passaram, respeitemos a memória da luta anti-fascista e dos valores que os nossos pais ergueram para e por nós. Isso sim é ser patriota e agora que o aniversário da Revolução dos Cravos está aí, vamos todos para a rua gritar: 25 de Abril Sempre, Fascismo Nunca Mais, porque pelos vistos, nunca é demais lutarmos contra os fantasmas do passado!

Nota: Este texto é panfletário e parcial. As minhas convicções democráticas e humanistas são imutáveis e eu considero-me a prova viva do mundo globalizado onde sempre vivemos, desde os Descobrimentos Portugueses e da vocação universalista tão cedo manifestada neste jardim à beira-mar plantado, até aos nossos dias!O multiculturalismo é uma tendência humana que ninguém pode negar ou erradicar. "Tudo na mesma panela, vamos fazer uma miscigenação total"(Terrakota)

quinta-feira

Para Além do Tejo é que estávamos bem

Hoje o grande companheiro Jorge postou no seu blogue (fotolog.com/mishmash)uma bela fotografia do Alentejo, pronto, está tudo estragado. aquela foto é do Verão, meus amigos e nós ainda estamos na Primavera, apesar de Lisboa ser uma cidade tropical, plantada ao acaso à beira do Atlântico.

Quebrou-me esta foto, andava a tentar não pensar nos lindos dias de sol lá fora e eu no escritório, o calor, as pessoas na rua de ar rosadinho, os corpos que se teimam em mostrar-se, os passarinhos a chilrear... Não pode ser, sou sensível a estas coisas. Ao bom aspecto que os primeiros dias ao sol nos dão, à disposição de quem comigo se cruza, que quase parece diferente porque se fez e se faz a fotossíntese só por andar na rua. Estas coisas deixam-me com vontade de amandar tudo com o caneco e ser...não sei, maluquinha e saltimbanca.

É muito idílica aquela foto, muito relaxante. O nosso Alentejo é muito gostoso, os dias de praia, as noites passadas na praia, os serões musicados pelo festival de Sines... ai que saudades que tenho de sentir a areia nos pés, da água salgada, da pele queimada pelo Sol, de adormecer na praia, sinto como se tivesse uma dúzia de cobertores quentinhos nas costas.

Claro que depois desta sugestão toda provocada por aquela bela foto, estou impaciente, irritada e cansada, a precisar de dar um mergulho nas águas sempre geladas da costa alentejana. Aquelas águas que me curam as ressacas e revitalizam qualquer um das noites mal-dormidas, mas bem curtidas...

Está tudo estragado, não tivesse eu a garantia que tenho lugar cativo na planície alentejana e nas falésias da costa e já aqui estava desesperada;)


quarta-feira

A sordidez deste mundo contínua a deixar-me de boca aberta_Parte II

Agora o Sudão anda a bombardear aldeias em Darfur com aviões pintados com as cores da UN, toma lá para ti! Fazem de conta que são ajuda internacional e pimbas, matam mais umas quantas pessoas que ainda sobram na região. Sim porque não me acredito que ainda aja muita gente em Darfur, ou estão mortos ou em campos de refugiados, porque e apesar de esta crise humanitária já se arrastar faz muito, a comunidade internacional ainda não fez grande coisa a não ser resoluções assinadas na ONU e que nunca passam do papel.

Acho que nestes casos a ingerência internacional no conflito deveria ser um dado adquirido, quer dizer, para destruir o Iraque e o Afeganistão, condenando especialmente o Iraque à rebaldaria completa, a ingerência internacional já vale, mas para salvar gente inocente de tiranos loucos a coisa já não é bem assim.

É verdade que até chego a ser naive com estas afirmações, que os EUA invadiram estes dois países tendo por justificação o ataque à sua soberania e seguranças nacionais e isto do Darfur é qualquer coisa de interno que ninguém tem nada a ver com isso. Porque no principio meio e fim é o que estas leis internacionais todas querem dizer: se nos atacarem, nós podemos e devemos responder, se for qualquer coisa dentro do nosso território, mesmo que os seus nacionais estejam a ser mortos que nem tordos e à mercê de regimes sanguinários, a coisa pia de forma diferente.

Já no Ruanda assim foi. Morreram milhares de pessoas por causa de uma guerra civil estúpida e uma distinção étnica provocada pelos belgas, na altura da colonização. Os tutsis, a etnia dominante perseguiu a outra etnia, que não me recordo do nome, baseados no facto de anos antes a outra etnia ter perseguido os tutsis! Perceberam alguma coisa? Pois, acho que nem os próprios. Os belgas diziam que uma etnia era superior a outra porque tinham a pele mais clara e tinham um nariz mais afilado. Assim se fomentam guerras.

Claro está que ambas as etnias estavam abaixo dos belgas, que como brancos, tinham realmente a pele mais clara e o nariz bem mais afilado.

Este é o mundo em que vivemos. Até razões fúteis como esta do nariz afilado é pretexto para nos matarmos uns aos outros.


sábado

De vários postais nasceu este conto!

"Hoje parece que vêm para aí nuvens". Desta forma desconversaram o que há muito se impunha revelar, ali, naquele alpendre com vista para a falésia e o mar. Palco da declaração dela e da reticência dele.

Essa reticência dele foi o que condenou o amor que ela sentia, que afinal, não era suficiente para os dois. A separação é dolorosa e parece não fazer sentido quando a vida passa e muito se criou, pensava ele, sempre que refreava o impulso de lhe comunicar que já não podia mais. A rotina, o previsível, o sempre igual da falésia e do mar. O que para ela era a calma, a tranquilidade e sintonia, para ele era a monotonia rotineira do passar das horas.

Filhos crescidos, casa grande e parada no tempo, neste alpendre onde dois tempos e espaços conviviam sem pontes de ligação, há pelo menos 15 anos.

Ele olha para o horizonte e vê o céu azul a tornar-se cinzento, nuvens carregadas trazem o cheiro da chuva, resolve-se e exclama para si, é agora ou nunca. Embalado pela coragem e pela transição do céu com as primeira pingas grossas que caiem mesmo à sua frente, diz o que há tanto guardava e o queimava por dentro "Companheira, vou embora, chega de esperar a morte com o passar dos dias como se de serena felicidade se tratasse".

Ela fita-o. Não reage, contínua a olhar o mar, o céu, a falésia agora transfiguradas. No seu íntimo sabia que isto mais tarde ou mais cedo aconteceria. E já era tarde. A vida tinha passado para ela. Estava cansada e esgotada, tinha carregado a falta de entusiasmo dele ao longo de todos estes anos. Nada disse, levou o copo à boca, olhou-o da mesma forma penetrante e apaixonada de sempre, sorriu levemente e partiu... A sua vida estava cumprida.

quinta-feira

Crianças deficientes usadas para ataques suicidas no Iraque.

A perversidade neste mundo não tem limites e há muito tempo que não lia uma notícia tão abjecta apesar de estas não pararem de nos entrar pela casa adentro. No Iraque os combatentes rebeldes que fazem a oposição aos americanos e ao periclitante governo iraquiano e ligados à Al-Qaeda usam crianças deficientes para cometerem atentados terroristas.


As famílias são as primeiras a vender estas crianças aos ditos rebeldes que os treinam em campos militares e usam as crianças como distracções para os soldados americanos, para lhes facilitar o acesso nas barreiras militares de povoação para povoação. São crianças-soldado que nunca foram à escola, muitas são órfãs ou rejeitadas pela família e não raras vezes raptadas pelos próprios rebeldes.

A perversidade do acto estende-se até ao facto de as famílias dizerem aos filhos que assim se irão tornar úteis, mártires por uma causa, ajudam a perpetuar os inúmeros atentados e actos suicidas que diariamente matam centenas de pessoas no Iraque.

Os rebeldes dizem-lhes que ao ajudarem a combater os invasores e ao morrerem vão ser pessoas normais, isto porque depois de mortos vão para o tradicional paraíso com as 70 virgens e sem as limitações físicas e mentais com que vivem neste plano!

É verdade que estes abjectos soldados não são os primeiros a atentar contra a vida de pessoas diminuídas física e mentalmente. Já o Hitler achava que os deficientes não serviam para nada e no seu plano de aperfeiçoamento da raça também estava incluído o assassinato de deficientes, neste caso, sem limite de idades.

Também muitos são os regimes que recrutam crianças-soldado e lhes destroem a vida, condenando-os a mortes prematuras e violentas ou então, deixando estas crianças condenadas e mutiladas para sempre, numa existência dolorosa.

O mundo muitas vezes mete-me nojo. E não é pouco, dá-me as voltas às entranhas...

Fonte: Diário de Notícias12/04/07- secção internacional

quarta-feira

Aceitas e abanas a cabeça, procuras e deixas de ver. Deixaste prender, vês o que queres, imaginas o que desejas, sentes por dez, fazes por vinte, arranjas forças e ries quando queres gritar.

Do alto tento guardar silêncio, mas o meu silêncio tem mais ruído que várias máquinas das obras juntas. Esperas que um dia te apareça um sol que te faça sorrir e te aqueça, vais com sede ao pote, expões a pele ao sol, sem protecção e queimas-te.

"Levar-te não é possível, deixar-te não pode ser"

Esperas...


domingo

Mais uma mudança mais uma viagem.

Vejo o Tejo e o Cristo Rei que de braços abertos recebe o pessoal e virado para Lisboa vai abençoando a cidade. Ao fim de seis anos a viver em Lisboa, por entre idas e vindas às várias terras natais que me viram crescer, ascendi agora a um 4º andar, numa rua do Príncipe Real de onde tenho uma vista desafogada que alcança a outra margem e de onde vejo a cidade a ir de encontro ao rio.

Estou contente! Gosto de sentir que os meus horizontes se podem expandir para lá do visível dos rés-do-chão e os primeiros andares desta vida, acalma-me e relaxa-me saber que chego a casa e tenho tal panorâmica, também me dá uma distância considerável quando olho para o horizonte antes de sair de casa, relativiza tudo o que é menor e mesquinho do que poderá acontecer nesse dia.

Gosto e sempre gostei de olhar lá para baixo, para a rua de cima, faz-me sentir segura, faz-me sentir que tenho algum poder sobre mim e o meu dia-a-dia, só lá vou se me apetecer e se não me apetecer, nunca ficarei entediada, porque tenho sempre para onde olhar. Síndrome de carochinha que à janela ou à varanda espera que apareça o rato ratão... e agora que penso nesta história já nem sei como acaba, mas não acaba lá muito bem....

Mas enfim, este não é o cerne da questão, o cerne da questão reside no facto de já não residir na mesma residência e mais uma vez penso que se nos devemos mudar porque estamos mal, então sempre e concerteza nos devemos mudar, porque estamos bem. A mudança faz parte da vida, já o disse aqui e não me canso de o dizer, alegra-me escrevê-lo de forma tão leve e airosa. Porque é assim que me sinto... leve e airosa


Piu Piu, lá lá ;) Ponho mais uma moeda no carrocel da vida e desfruto da paisagem!