sexta-feira

É mesmo, mas mesmo saturante

Já há algum tempo que me ocorreu escrever sobre a saturação da imagem dos gato fedorento, mas motivos maiores afastaram-me deste escape cibernético. Como tal, vou explanar o meu ponto de vista sobre esta saturação comercial que me incomoda.

Na realidade, nunca fui grande admiradora dos gato fedorento, acho que têm piada e que são inteligentes, no entanto, não raras vezes, cansam-me com a extensão dos sketches. Mesmo assim, reconheço o talento e até me irrita mais esta saturação dos 4 mal-cheirosos, anúncios por todo o lado, descobriram que a publicidade dá guito e não querem mais nada. No metro, na tv, na rádio, na imprensa, em todo o lado aqueles slogans da PT, que chatice.

Isto é próprio da publicidade, a descoberta de uma fórmula e a sua repetição até à exaustão, até mais ninguém em Portugal conseguir ouvir e ver os 4 amigos. Admira-me, e porque os considero inteligentes, que alinhem nesta saturação, overdose de piadas made-in gato fedorento. Todas as semanas na tv, nos spots da PT, na net...enfim.

A banalização é contraproducente, especialmente na área dos media, publicidade e mesmo em termos de estratégia comercial. Claro que presentemente não o é para quem os contracta como a PT que os escolheu para darem a cara dos seus produtos e para os próprios durante algum tempo também não. Porém, vai chegar a altura em que não o poderemos ver, juntando isso ao facto de as piadas actuais estarem a ficar demasiado óbvias e fáceis, o futuro será bem enfadonho.

Claro que é um programa para uma audiência vasta e generalista que terá que chegar a mais gente, que fale de assuntos de domínio geral e tal e tal, nada contra, só acho que ganhar dinheiro com publicidade nem sempre é a alternativa. São opiniões e quem quer dá-las, dá-las!

quinta-feira

Tributo a uma vida

Porque a vida cada vez vale menos este texto é um tributo à vida de um colega de trabalho que nos deixou da forma mais cruel e fria, fruto dos tempos. Tempos em que a vida só vale para quem nos ama e acompanha, vida que para quem não nos conhece é tão facilmente desvalorizada.

Não sei muito bem o que escrever sobre a ausência, sei que sinto um peso nos ombros, o peso da morte, o peso da surpresa, da admiração e do conformismo imediato com que a morte nos confronta.

Estejas onde estiveres, que esta nova etapa te sorria e que encontres a paz que ansiavas e te rodeies de seres que tal como tu, dão gargalhas sonoras e acreditam na vida sem nunca desistir.

quarta-feira

Ensino português? É favor de demolir e construir tudo de novo!

A esta hora a página do Público está recheada de pérolas, desde não existir sala para os deputados receberem a Comissão Temporária do Parlamento Europeu para deslindar os voos da CIA com prisoneiros de Guantamano e o envolvimento de Portugal no caso, até ao facto já mais que sabido, que apenas 2% da população planetária dividir entre si mais de 50% da riqueza mundial, segundo um estudo apresentado pelas Nações Unidas, passando pelas crianças letãs enviadas para prostituição para Portugal. Mas a que mais intrigada me deixou foi a apresentação de um estudo realizado pelo CIES sobre a discriminação nas escolas.

Pelos vistos, e segundo esta pesquisa que ainda não está completa, o sistema de ensino português agrava as desigualdades sociais. Isto é, a escola portuguesa discrimina "(...)os alunos por escolas, por turmas e por vias de ensino"(in Público, 06/12/06) o que e segundo o estudo agora apresentado, agrava as desigualdades sociais.

Ao analisarem vários estabelecimentos de ensino, os investigadores chegam à conclusão que existem escolas de primeira e escolas de segunda (dado que não é propriamente novo). As de primeira têm alunos de excelência, que reprovam menos e que inclusivamente, aprendem em equipamento e com equipamento melhor que os outros miúdos com menos sucesso escolar. Literalmente os maus alunos são empurrados para escolas onde as condições fisícas e os equipamentos são e estão mais degradados (penso cá para mim que deverão vir das escolas dos meninos inteligentes), a percentagem de alunos que chumbam é enorme e até o corpo docente nestas escolas é mais instável. Mesmo nas escolas onde coexistem alunos todo o tipo de alunos, a diferenciação é feita na composição das turmas: os bons alunos são todos colocados na mesma classe, enquanto os atrasados mentais e burros dos menos favorecidos a nível social, são colocados todos na mesma classe que é para os professores colarem a pestana mais rápido e absorverem bem que há alunos nos quais vale a pena investir, outros nem por isso.

O mais grave é que desde 2001 existem dados empíricos que alertam para este aspecto: o da escola contribuir para a desigualdade social e o que foi feito, nada, só para não variar.

No entanto, a violência cresce nas escolas e agora não é só entre os alunos, é também contra os professores e funcionários, os agentes que criam mais desigualdade num espaço que deveria ser de aprendizagem, onde os valores da igualdade perante as oportunidades e tratamento deveriam ser transmitidos e cultivados. Posto isto, apenas me ocorre escrever que o fascimo está presente nas instituições de ensino portuguesas e como tal, as consequências que daí advém serão brutais, não só dentro da escola como fora dela.

Os investigadores acrescentam ainda que se nos anos 70 e 80 depois do primeiro ciclo terminado, apenas os alunos de classes priveligiadas frequentavam a escola, presentemente a escola acolhe toda a gente, mas cria fossos e pratica desigualdades. Ainda está por apurar, pelos mesmo especialistas vários outros factores. Por enquanto, asseguram que todos estes factores de tratamento discriminatório são determinantes no que toca à violência que se faz sentir nas escolas portuguesas.

sexta-feira

Noites quentes e mal dormidas.
apetece escrever sem ler o que fica nas linhas do papel. a folha vazia não é uma angústia. angustiante é a vida e as suas escolhas, os caminhos que transformo em letras, pretas e espessas. no seu conjunto não raras vezes a preto e branco, vão colorindo o vendaval que sobre ti se abate.

ingenuamente, encho o lençol e sou invadida por um prazer aliviante, de esvaziar o recipiente pensante, aglutinador do mundo em mim.

alma que me atormenta nas noites de calor, sufoca o corpo e a mente, transborda do cérebro a lava incandescente do dilúvio temperamental do dia e noite que passa e se entreanha na pele. de onde vim sei... páro na estrada dos caminhos escuros, reluzentes de promessas, perco-me nos trilhos falsamente fáceis do percurso. entre as árvores os sons, cheiros e óasis de vidas e cores, iluminam a passagem, o futuro caminho. no meio e entre o ambicionado e o presente, braços de árvores centenárias, frondosos ramos cortam a vista. ir mais além.

casas aconchegantes e ternurentas, cheias de familariedades e cantos explorados, apinhados de rotinas e hábitos, umas vezes coloridos, umas vezes extenuantes e chatos. Nem um buraquinho desconhecido no chão do refúgio. Os animais e secretismos já não vivem aqui. Apenas o pó criado pela contemplação e hábito do conforto e aconchego.

quando sopra a brisa, o vislumbre, nada claustrofóbico do mar calmo e fresco, depois da falta de sombra, alimenta o desejo de mergulhar. novamente, no caos refrescante que vive em ti, em mim, por entre os prédios de vibrações rectas e altas, ondulantes de recheio orgânico. existir e sentir.
Agosto/06

segunda-feira

Outra vez o Aborto!
Vem aí o referendo do aborto e começa a polémica e discussão acessa dos partidários do sim e do não. Todos os dias se constituem novos Movimentos que têm por objectivo convencer os eleitores, o movimento dos médicos, os dos pela vida, pela escolha do feto, pela escolha da mulher... o de sempre.

Mas infelizmente e com tantos intervenientes, que mais ou menos contrariados intervêm na campanha pelo sim ou pelo não, poucos são os que falam e exigem que o Estado e seja qual for o veredicto final, ponha em marcha a tão necessária Educação Sexual nas escolas e que invista e reformule, já que estamos numa época de reformas, o Planeamento Familiar e o torne numa estratégia presente e efectiva.

A disciplina de Educação Sexual é fundamental para que aja uma verdadeira mudança das mentalidades e condutas sexuais de todos e todas. Assim sim, seria possível termos futuras gerações conscientes que saibam tomar decisões sobre o seu próprio corpo, vida e a gestação de uma outra. Sem juízos de valor, sem hipocrisias, sem tensões.

Sou a favor da legalização do aborto, o meu corpo é meu, a minha consciência é que decide e não admito que seja o Estado a dizer quando devo ou não ter um filho, constituir família ou que me diga se estou ou não preparada para o fazer.
No entanto, e depois de uma lei que já foi aprovada pelo Parlamento e atirada para o povo decidir com a história do referendo que dura há tanto tempo, já deveríamos estar no patamar seguinte, fazer com que a também já aprovada lei da Educação Sexual fosse realidade efectiva nas escolas portuguesas e não um plano longínquo e sem aplicação prática. A Educação Sexual é dada em várias disciplinas sem que aja um espaço aberto à discussão e ao esclarecimento, nas escolas. E não é só a questão da despenalização do aborto, é a prevenção das doenças infecto-contagiosas, é a responsabilização das pessoas e abertura da discussão dos afectos e da intimidade num espaço de educação e formação que é a escola.

Essa sim, não desfazendo a problemática da despenalização do aborto, é a discussão e o debate que precisamos de ter já de seguida. Mas essa é uma conversa atirada para as catacumbas do espaço público, dos programas do Governo e dos partidos da oposição, bem como dos inúmeros movimentos pró-aborto e pró-vida, o que em última análise é triste, porque vem confirmar, a meu ver, que sendo o aborto uma questão de saúde pública, não se aposta na prevenção e na educação, no esclarecimento dos espíritos e ninguém está preocupado em desfazer mitos e responder às questões dos adolescentes e jovens e os demais.
Se calhar, esta será mais uma questão onde estarei a ser utópica e lírica, mas devemos exigir o melhor e apenas e tão só a aplicação da lei, a Educação Sexual nas escolas portuguesas está normativizada, pronta a ser aplicada e há gente que é perita nestas questões.

terça-feira

Aventuras no Correios de Portugal

Ontem tentei ir aos correios no intervalo do trabalho, achei que 10 minutos dessem para enviar um mísero documento, já que existe uma máquina de selos, porém estava fora de serviço. Posto isto, tive que ficar na fila para conseguir comprar um selo e envelope de correio azul. Esperei 30 minutos e não consegui enviar a carta, acabei por dar a minha senha a uma senhora que lá estava.

Durante essa meia hora de espera disse mal da minha vida e especialmente dos Correios de Portugal. Não percebo esta gestão do trabalho, se existem máquinas que vendem selos, algumas até com balança, porque não tê-las a funcionar?

Já no outro dia quando tentei enviar uma outra carta, me vi obrigada a esperar pelo atendimento geral, a máquina dos selos que até tinha balança não tinha trocos, o sistema estáva marado, porque a máquina não conseguia acabar as duas acções necessárias: pesar e processar o valor do selo que teria que pagar, lá fui eu entupir as filas do correio desnecessariamente...

Se estas máquinas existem é para nos facilitar a vida, para agilizar o processo, para evitar que meia hora antes do fecho dos correios estejam mais de 20 pessoas para serem atendidas.

Aqueles envelopes verdes que pelos vistos não precisam nem de selo, nem de serem pesados deveriam ser vendido em máquinas semelhantes às dos selos, para que nos tornemos mais autónomos dos funcionários dos correios, para que só recorramos quando é realmente necessário, porque a mão humana vai continuar a ser precisa em muitas outras coisas e ainda bem que assim é.

No entanto, os correios parecem um qualquer quiosque, livraria vende de tudo e quanto maior for mais coisas tem disponível para os clientes. Mas o propósito dos correio, pelos vistos, é vender livros do Paulo Coelho ou canecas do Noddy não vender selos, enviar correspondência, pagar facturas, pesar cartas...

Gastasse dinheiro inutilmente a inventar aquelas máquinazinhas que são tão úteis e não são usadas pelos utentes, gastasse dinheiro nos envelopes verdes e na publicidade que lhe fizeram, mas nos correios não são assim tão acessíveis.

Esta meia hora à porta dos Correios foi óptima, além deste despesismo de recursos, assisti a episódios próprios de 3º mundo, não é que um conductor de Audi que queria ir ao correio, estacionou o seu carro mesmo em cima do passeio em frente à agência dos correios, onde uns putos jogavam à bola!

Estava o conductor a sair do carro, mesmo a fechar a porta e passa um polícia de trânsito, olha para o senhor infractor, para o carro e segue serenamente para a esquadra mesmo ali ao lado. Haja civismo que resista e haja esperança que nos faça acreditar que tudo poderá melhorar.

Hoje voltei aos correios, mais sossegados por sinal e noutro ponto da cidade, tudo corria bem até ter pedido factura de uma encomenda que enviei, é verdade que eram apenas 2,10€, mas tenho esse direito, logo tive que aguentar a cara feia da funcionária que além de mim, atendia mais duas pessoas. Como também comprei um selo, disse-lhe que não o incluisse na factura e que para isso não era necessário, ao que a funcionária me prespega com os dois recibos com um ar incomodado como se me fizesse um favor. Digo-lhe bom dia e obrigado, fazendo de conta que não percebi o seu incómodo, e levo com um olhar de esguelha...

Desculpe lá, não a queria chatear!!!

segunda-feira

Conversas nocturnas - The night shift
O tópico do fim-de-semana: ganhar o Euromilhões e a discussão de todas as possibilidades que tal montante de dinheiro daria a estas vidas de remediados.

Penso nisso durante a conversa e lá consigo manifestar-me, 4 da manhã, tinha jantado às 8 da noite, isto, aquele-outro e o Festival Número por cima...acho que...não sei bem, ficaria feliz, contente, poderia realizar planos malucos e não sei talvez angustiada, nervosa, desconfiada...ia para Marte, não queria mais estar aqui, tanto dinheiro...

E na realidade, tal possibilidade é tão remota que não faço ideia do que lhe faria. Nos primeiros tempos sim, claro...curtia bem depois de ter tomado as primeiras e poucas medidas que se deve tomar depois de nos sair a sorte grande. Viagens, viagens, visitas a amigos, fazer outros, ver outras paragens, tirar fotos, falar com pessoas, ver novas cidades, comprar roupas e sair à noite ver espectáculos e comprar livros, música e blá, blá, blá e depois?

Das duas umas: ou o que teria visto me tinha inspirado tremendamente e as ideias tinham brotado que nem cogumelos ou simplesmente não saberia o que lhe fazer para além do curriquiero e evidente: tipo dar dinheiro à famelga, mudar algumas vidas que nos são queridas dando-lhes capital para sonhos e projectos ou uma qualquer boa acção, para lá disso que faria com a minha vida e tanto dinheiro?

Ocorrem-me duas hipóteses: ao viajar, conhecer e disfrutar teriam brotado ideias e planos visualizados ao mílimetro ou então fechava-me numa ilha deserta a escrever um testamento com as directrizes do que teria feito com tanto dinheiro, se me tivesse dedicado a ele. Fruto da angústia que este me criára, fechára-me na ilha deserta com uma casa maravilhosa e um campo de cultivo...lá se ia o dinheiro!

terça-feira

Parabéns ao meu menino!
O Meiamaquinameiamulher volta à forma inicial e manifesta o prazer que a sua medíocre e piegas autora tem em estar viva, em sentir e ver os seus a crescer, a dar os primeiros passos na vida fora da barra da saia da irmã babada e zelosa como uma galinha pelos seus.

Os meus primeiros filhos, não tivesse idade suficiente quando nasceram para perceber que sou obrigatoriamente um prolongamento dos prognitores, que tenho obrigação de cuidar e acarinhar, ralhar e passar a mão pela cabeça, aconchegar e disparatar, ser adulta e aconselhar e mais que tudo ser um porto de abrigo para os meus meninos, orgulhosa da sua prole que não o sendo directamente, de mim fazem parte, que os passos que der terão que ser equacionados a pensar também neles.

Isto tudo, a volta das voltas, para dizer que o meu menino fez anos e festejou o aniversário como os ciganos e os príncipes: dois dias de festa para fazer esquecer histórias mais tristes, para provar que o tempo passa e quando damos por ela levamo-los à discoteca, assistimos e partilhamos os primeiros amores e desamores, a redescoberta da vida pelos olhos de quem nos é importante.

Desejo que estejamos sempre unidos, mesmo que a vida nos coloque a oceanos de distância, que todas as noites sonhemos e dormamos aconchegados com as lembranças das infâncias passadas entre irmãos e irmãs e que o nosso leque de afectos e amigos se reproduza, até à eterenidade e que como uma teia de aranha se alargue a quem venha por bem e mereça a nossa fraternidade.

Ser irmão e irmã é ser amigo presente, é saber ler nos olhos felizes ou desiludidos as agruras, felicidades e travessias destes dias que chamamos vida, por vezes difíceis e ingratos e outros, tão cheios de alegria e contentamento que vem tão só da contemplação do curso do mundo.

São os primeiros companheiros, o jardim do qual cuidamos, semeamos os afectos e os hábitos pela convivência e a união, que tão depressa se cuida e mima atentamente como se dá liberdade para a natureza selvagem tomar o seu curso, para depois, docemente e com energia desbravar o que parece escuro e desenfreado e que procura a luz e o caminho, serenidade, para novamente viver ordeiramente e com jardineiro.

Vou-vos contemplar e velar os sonhos como se fosse a primeira vez que vos vi a dormir tranquilamente no berço, abrir os braços e amparar o vosso andar como amparei os vossos primeiros passos, aconhegar-vos à noite e tratar-vos como bébes, até que crescam e que possam andar comigo ao colo. Guardo-vos e levo-vos comigo para todo o lado, unidos pelo amor fraterno e pelo sabor das descobertas e partilha do aconchego e cheiro do lar.
O Maior Português de Sempre v.s O Pior Português de Sempre


Os Grandes Portugueses é um programa inútil, nacionalista e pouco patriótico, já que mais uma vez a História nos é apresentada, desta feita escudada nas personalidades, como algo distante e pouco actual, sem lugar para as transformações vividas e operadas em Portugal no Século XX e que foram bastante importantes, já que explicam em muito a actual situação do nosso atrasado e acolhedor país.

Os Grandes Portugueses deriva directamente do programa concebido no Reino Unido, pela BBC: "Great Britons". Para os ingleses o Great Briton é Winston Churchill, estadista reconhecido do Reino Unido e que faz parte da História recente do mesmo país.

Como sempre e por cá, contínuamos a falar de D. Afonso Henriques, D. Sebastião e afins. Personalidades que marcaram o que somos como sentimos e muitos caminhos tomados, mas passaram muitos anos, séculos até. Muita água passou por debaixo da ponte e já nem os próprios se devem lembrar que aqui estiveram.

No primeiro programa, da primeira fase d´Os Grandes Portugueses viu-se o quanto o povo português sabe de História e a conhece com especial incidência para as gerações mais novas: uma menina de 15 anos dizia que a Maior Portuguesa de Sempre era a Bárbara Guimarães. Ah? Como disse? Então que é feito dos artistas, pintores, escritores, cientistas, desportistas, pensadores... que puseram Portugal no mapa e são mais facilmente reconhecidos no estrangeiro que no seu próprio país e que ainda se encontram entre nós? Realmente com respostas destas mais vale ficar lá bem atrás no passado. O pessoal já teve tempo para decorar os nomes.

Portugal tem avesso a grandes conquistas e feitos actuais e próximos do momento em que vivemos, porque existe gente tão portuguesa como nós que não se deixa abater pelo espírito pessimista que nos caracteriza, que não se deixa levar pelos Velhos do Restelo do burgo e contra ventos e marés faz coisas inovadoras e utéis.

Mas não, a RTP contínua a falar dos mesmos portugueses de sempre os de 1800 e troca o passo que mal ou bem contribuiram para a nossa História.

Como retaliação o Inimigo Público e o Eixo do Mal lançaram o desafio de eleger o Pior Português de Sempre. Quem é mais responsável pela choldra onde vivemos? Para mim é o próprio Povo português, que bem ao seu estilo, mais uma vez vai cair na História da carochinha e vai votar em massa no Maior Português de Sempre, aquele que se deixa levar por grandes espectáculos televisivos como este, pelos roadshows programados para promover o programa, pelas vaidosas Marias Elisas que depois de ter estado ligada a uma cor política não se incomoda em assumir o seu lugar na RTP, ao que parece cativo e que traz na bagagem este formato british que lhe acenta tão bem.

Sim, porque este programa tem recursos técnicos dignos da televisão do Estado, estratégias de promoção que usam todos os meios e mais alguns: rádio, spots publicitários, outdoors, mupis, cartazes pequenos de transportes públicos...toda uma parafenália de promoção.

Para apresentar o programa aos meios de comunicação social foi escolhido o Padrão dos Descobrimentos, volta ao passado, onde Maria Elisa aparece acompanhada com um rapaz mascarado de descobridor ou lá o que é. Porque é que o senhor não foi transformado em António Damásio? Na Rosa Mota? Na Joana, a maestrina menina prodígio que com aproximadamente 30 anos dirige as maiores e mais conceituadas orquestras do mundo? Não sei, parece-me que tínhamos tanta gente para salientar sem ser os eternos mortos que se engradeçe por cá que mais parece que gostamos de viver no passado e que são usados para nos atirar areia para olhos: vejam como nós fomos e não pensem no que nos tornamos!

No Pior Português de Sempre com humor e bom gosto, para uns, calculo que para muitos não, ao menos poderemos identificar aqueles que com o nosso consentimento já há muito desfizeram as glórias passadas.

A meu ver, deveríamos enquanto povo olhar e enaltecer os actuais grandes portugueses, gente dinâmica que contra os ventos, marés e fados lusos acreditam que podem fazer mais e que se empenham e entregam sem demoras e receios a novas ideias, iniciativas e projectos.

Podíamos com este programa iniciar uma discussão sobre a actualidade, uma discussão profunda e baseada no acertado conhecimento e cultura que a História nos dá como se de um motor de mudança se tratasse, já que quando se fala e debate a História nos media e nos livros da escola é só para enaltecer os feitos e glórias dos eternos heróis lusitanos.

Para que cada cabeça tenha a sua sentença e/ou voto:

http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/index.php

http://piorportugues.blogspot.com/

Nasceu uma estrela do mar. Sê bem vinda Guiomar;)
Daqui mando um beijo grande para a Joana e para o Zé.
A MeiamáquinaMeiamulher não podia deixar passar em branco a vinda colorida de um baby tão especial. Que a vida te sorria!

quinta-feira

Contínuo a dar-lhe na Revolta dos Pasteís de Nata hoje dedicado inteiramente às mulheres e como não poderia deixar de ser, a plateia é composta exclusivamente por mulheres. Homens "só" o apresentador, a banda, o pessoal da produção que vai dando as caras, os gajos que fazem os momentos humorísticos e os sketchs.
Confesso que nunca vi este programa até ao fim, bocadinhos apenas, de qualquer forma, e depois de já ter visto algumas entrevistas feitas ao apresentador, contínuo sem perceber a pertinência do programa em questão. Hoje, em escassos minutos, confirmei que o rapaz é um imbecil e o programa uma inutilidade. Ao perceber qual era o tema da semana confesso que fiquei mais alerta sobre o mesmo e até vi mais do que o costume.
Vamos lá discutir a igualdade das mulheres na sociedade portuguesa, tudo a propósito da nova Lei da Paridade proposta pelo PS. Propõem-nos então, que descorramos sobre a Mulher Portuguesa e o seu papel em todos os quadrantes da respectiva vida pública. As convidadas: a actriz Maria do Céu Guerra, Teresa Caeiro, deputada do CDS e a convidada faltosa e Miss Playboy, Liliana Queiroz. Será que a mulher portuguesa está devidamente emancipada, perguntam-nos os cérebros por trás do show?
Para rir concerteza. A forma como é abordada a questão é trivial e leviana, ao tentar imprimir um ar sério e descontraído à conversa, aparece um actor a fazer de striper, o único homem a intervir. Os sketchs transmitem uma imagem preconceituosa e fácil da mulher, várias caricaturas são mostradas num Tempo de Antena fictício de responsabilidade feminina: as da pele esticada, com a Lili Caneças, a incontornável Odete Santos, que dá sempre jeito satirizar quando se fala de igualdade entre os sexos, a Merche Romero a representar as boazonas vazias...e por aí diante. Pois bem, não sei se a Merche é vazia e tonta só por ser boa, não sei se a Lili teria um movimento para defender as peles esticadas, sei é que são apresentadas as mulheres enfiadas em categorias e caixas como se uma mulher só pudesse ser ou esticada ou vazia, ou interventiva e chata, malditas feministas.
Desse bicho de sete cabeças pouco se fala no programa, como se pode falar da emancipação sem falar do feminismo e a sua importância pelo menos histórica para a emancipação da mulher? Como querem ser levados a sério quando nos apresentam as feministas como umas doidas a queimar soutians, descontextualizando totalmente o famoso episódio.

Também me incomoda, enquanto mulher e feminista, não tenho qualquer problema em assumir, que se discuta a condição da mulher apenas e só com mulheres, guetização primária do género "querem falar sobre vós e a vossa condição, então façam-no sozinhas nós deixamos".
As intervenções das convidadas não atam nem desatam, dizem-nos o que já sabemos, discordam entre si, uma a favor da lei da paridade outra contra, advinhem quem! A Liliana, essa nem vê-la, no seu lugar colocam um exemplar do livro que editou para nos ensinar a Ser Sexy, estou mesmo a ver o painel de pessoas que construiram ali: a actriz mulher de esquerda e liberal, a deputada do CDS, mais conservadora, mas que não deixa de ser mulher moderna: trabalhadora e mãe e a Liliana, a menina fútil, Miss Playboy, não há mais a dizer, a mulher objecto.
No início do programa a Ana, a colaboradora/assistente aparece bem despida e provocante, vestido vermelho colante e introduz mediocramente o passatempo promovido pelo programa, pistas para ganhar um telemóvel de última geração. Mais descrição para quê, apesar da ambição ou não de tornar esta conversa informal e descontraída, numa pseudo reflexão sobre a condição da mulher, o formato do programa em questão é machista e chauvinista, aproveita-se do tema para se auto-promover a programa irreverente e revolucionário, acabando por cair nos clichés de sempre e por revelar que quem o idealiza é machista que baste, seja mulher ou homem e que a revolta dos Pastéis de Nata é um embuste, up grade ranhoso do Muita Lôco da ida década de 90.
Esclarecid@s sobre o lugar da mulher na sociedade? Nada. Fiquei foi esclarecida quanto ao facto de estes senhores serem uns machistas, pseudo revolucionários e que produzem um produto medíocre fruto dos marketeers da revolução, sanguessugas da luta e emancipação em nome das audiências e do fast thinking.
A Revolta dos Pastéis de Nata é transmitido todas as quintas-feiras, pelas 23 horas no canal A Dois e ao contrário do que disse no post anterior, vai na 4ª temporada!

quarta-feira

Os programas para os adolescentes e jovens que foram descobertos em Portugal no inicio dos anos 90, quem não se lembra do Muita Louco ou da série Os Riscos, e que a partir daí não mais mudaram contínuam-me a intrigar.
O Clube dos Morangos é exemplo disso mesmo, depois da descoberta do formato juvenil não se mexeu mais. Os temas contínuam a ser os mesmos, e já passaram 10 anos, os apresentadores contínuam a achar que podem ser anormais para conseguirem ser cools e próximos dos mais jovens, o que piora com o facto de estes senhores não terem qualquer tipo de formação para o que se propõem, logo o programa acaba por cair na banalidade, no detorpar das questões que pretende abordar, no retracto falso da cultura juvenil e tudo mais.
Além de que, transparece a clara sensação que o programa apenas existe para preencher o horário e continuar com a saga dos Morangos com Açúcar, fazendo com que a TVI ganhe audiências e audiências.
Ao referir este programa, não me posso esquecer dos Pastéis de Nata, programa que já vai na 3ª edição dirigido ao jovem adulto. Mas aquele senhor da bóina não terá mais nada para fazer do que convidar as Bibás Pitas deste país e todos os que poderaõ não dizer nada de jeito durante uma hora. O que me admira é que muitas vezes os convidados até poderiam ter alguma para dizer, nem todos são broncos ou algo se pareça, porém as perguntas que o apresentador muitas vezes não permite que se possa demonstrar o que quer que seja.
Irrita-me e acho mal esta ideia que os programas direccionados aos adolescentes e jovens dão que tudo o que é sério deverá ser discutido de forma cómica, comicismo esse que muitas vezes é pouco inteligente e que em vez de conseguir desmontar preconceitos e ideias feitas, cria ideias perigosas e leves demais sobre temas importantes.
Tudo para ganhar audiências. Claro que o Clube dos Morangos pretende dar continuidade à carreira das centenas de actores que vai deitando cá para fora e que devem precisar como toda a gente de trabalho, os miúdos gostam e logo tá ganha a aposta. Aliás, acredito que a mente peregrina que se lembrou de produzir o Clube já foi promovido a herói pelo Tio Moniz.
Pena que mais uma vez, a televisão contríbua para a "deseducação" ddos que o vêem avidamente. As perguntas são fracas, o nível de consciência é baixo, o questionamento que a discussão deveria levantar é estéril e nada produz senão a interiorização dos modelos vigentes da sociedade.

segunda-feira

Conteúdo freak!
A Pública desta semana tem como capa o Carlos Castro conhecido como talvez o primeiro comentador português do social e numa entrevista de fundo o jornalista explica-nos porque devemos gostar da personagem. A sua vida díficil, a aventura para subir a pulso na vida e sempre de forma honesta e valorosa, de quem suou as estopinhas são as principais razões. A vinda de África e de uma cidade onde ninguém o entendia, inclusive a família, o serviço na guerra colonial tudo isto acompanhado por testemunhos e fotografias de gente conhecida da praça a dizer bem do senhor são outros argumentos esgrimidos.

De realçar o ênfase dado ao facto de Carlos Castro ser um homem culto e solitário, que tem por amigos chegados homens da cultura nacional e não só, que vive neste momento rodeado de fotografias, discos e livros.

Acho incrível como certas publicações conseguem tornar todos aqueles que retratam em ícones e isto tudo, porque o senhor faz 30 anos de carreira a favor da cusquice e comentário da vida alheia.

Admiro o facto de o senhor se ter esforçado para subir na vida e nunca se ter recusado a trabalhar, nem que fosse a lavar escadas como o próprio frisa e se não me engano, já frisou noutras alturas, acho bem que seja um homem culto e que apesar de todas as adversidades não tenho deixado de se rodear de livros e música. Também acho bem que tenha as suas fotografias e viva agarrado ao seu passado, cada um na sua. Mas daí a achar que este tenha feito alguma coisa verdadeiramente especial pela humanidade que não tenha sido viver a sua vida, discordo e que por isso, tenha direito a uma entrevista de fundo numa publicação dita de renome, também.

Quanto mais não seja porque este destaque dá-se ao facto do senhor ser um fofoqueiro profissional. É verdade que gosto de uma boa fofoca, mas não idolatro os seus profissionais porque o fazem bem ou porque foram pioneiros. Lembro-me, assim de repente, de tanta gente que teve histórias de vida bem mais interessantes que este senhor. Rompeu com preconceitos? Sofreu pressões? Foi praticamente abandonado pela família? Ok, tem toda a solidariedade do mundo, mas terá sido o primeiro ou o último a enfrentar o conservadorismo da sociedade em que vive, terá sido o primeiro ou será o último a enfrentar a resistências? Não mais que qualquer pessoa que queira levar a sua vida e vivê-la como sente e bem lhe apetece.
É retornado e fofoqueiro? Arranjo uma dúzia! O mais incrível é que este senhor diz alto e bom som que criou monstros, aliás é esta a chamada de capa, em úlitma análise é culpado pelo aparecimento da Esla Raposo e de todos esses parasitas. Não abona nada a seu favor.
Não acho que devemos apenas ouvir intelectuais ou sabichões, mas isto não passa de uma estratégia sublime, ou não, de alimentar a futilidade e o nada que povoa a imprensa e televisão cá do burgo. Se estamos nessa vamos lá até ao fim, venham os Carlos Castros da vida.
Será por ser gay? Por ter vivido no mundo alternativo/out dos homossexuais? Por estar envolvido com os travestis? Ainda pior, é assustador perceber que afinal o que é "diferente" e "foclórico", porém sem conteúdo é o que alimenta as páginas da revista.
Não tenho nada contra os gays ou coisa que o valha, e exactamente por isso é que acho atroz ver este senhor retratado como uma atracção freak. Como é gay ou coisa que o valha é lhe permitido todo e qualquer desvairo.
Pior ainda, apesar de tudo o que viveu e supostamente leu, contínua a ser conservador e preconceitoso, basta ler um parágrafo das suas crónicas semanais nas revistas.

sábado

As sextas continuam a ser de chegada,
depois do Sábado vem o Domingo de partida!
Sabor de liberdade difícil de esquecer.

quinta-feira

Estrelinha que nos guie, porque este Sol é murcho.
Tenho que comentar apesar de já ter passado o tempo disso, o Sol, novo semanário português é fraco, parece o Correio da Manhã, mas em formato semanal.

Tive oportunidade de folhear e ler o deste domingo, o anterior consultei-o na net. Sei também que este fim de semana venderam 180 mil exemplares, mas não é um jornal para fazer frente ao Expresso, até porque quem lê o Expresso não vai ser leitor e comprador assíduo do Sol, compraram-no para o conhecer, legítimo e natural, porém não o farão mais.

O seu cunho populista e pendor sensacionalista não se encaixa no perfil do leitor do Expresso e por isso, acho disparatado toda a guerra mediática ao Expresso, estas duas publicações são como a água e o azeite, não se misturam.

Confesso que gostei dos spots televisivos e radiofónicos do Sol, achei simples e fácil de compreender e com bom gosto, apesar de ser batido. Porém é melhor que a imagem gráfica do jornal em si, pobre e de mau gosto. Aquelas fotos dos colunistas e demais colaboradores são rascas e pouco imaginativas, os highligts por baixo de certos artigos ou notícias, cada um com uma cor mais histérica que a outra(deve ser com aquelas cores berrantes que o Saraiva quer chegar ao público feminino) são de um mau gosto gritante e nada de bom acrescentam à publicação ou à sua imagem.

Relativamente ao conteúdo, reparei que no primeiro número muitos textos eram alusivos à fundação e desenvolvimento do Sol, sempre com especial incidência ao papel heróico e timoneiro do director do dito jornal, mau gosto novamente, além de reflectir um ego gigante, quase autopromoção, apesar de achar que o senhor já não tem idade para tal ou depois de 20 anos à frente do Expresso não necessitar de tanta publicidade (gostando ou não do Saraiva).

Gostei especialmente da secção do "Mundo Real" e quê? Desgraças e tragédias e crimes e facadas e prontos, temos um novo jornal.
Gostaria de escrever mais, mas não acho que valha a pena, cada um que tire a sua conclusão, a mim não me convence.

terça-feira

A pesquisar na net percebi porque protestaram e fecharam o apeadeiro na Madalena: duas crianças foram colhidas por um comboio enquanto brincavam na linha, pelos vistos a CP não oferece a segurança necessária e já não é a 1ª pessoa a morrer ali, ao que se adiciona uns pais que não fazem a mais pálida ideia onde andam os filhos a brincar, quando vivem ao pé de uma linha de comboio!

Porém, o meu ódio contra o Metro do Porto contínua!
Mobilidade Falhada II - Desta vez protesto consciente contra ....o Metro do Porto

Sai de Lisboa no comboio das 6:04 da tarde, na Gare do Oriente, cheguei a casa à 00:30, mas vamos por partes, por que apesar de este não ser um post sobre as bizarrias dos meios de comunicação, é sobre a pseudo-mobilidade em que estamos mergulhados e condenados a viver.
Então, como dizia, sai de Lisboa ao fim da tarde, tudo corria normalmente, a seca de sempre, uma viagem que liga as duas principais cidades portuguesas ainda demora 3horas e 30 minutos e é cara para caramba, tudo bem com isso podemos bem. Em Aveiro e depois do tempo regulamentar da saída e entrada dos passageiros, o maquinista anúncia aos utentes da CP que o apeadeiro da Madalena se encontra fechado porque os habitantes desta freguesia de Gaia resolveram cortar a linha do comboio e fazer uma manifestação(às nove da noite,o protesto não conhece hora!) tudo bem, não tenho nada contra que as pessoas protestem e espero que este protesto seja legítimo e lógico, no entanto o comboio ficou com um atraso de 60 minutos e bastante tempo parado em Aveiro. Lá se comentou o assunto e tal, piadas e troca de olhares trocistas e seguímos viagem.
Cheguei a Campanhã às 22:30, lampeira e fresca fui apanhar o Metro e aí começa o suplício novamente, apenas chegávam metros de 12 em 12 minutos e acabávam em Francos, ali acabáva o serviço, pelo menos do troço entre o Estádio do Dragão e a bonita localidade de Francos, lá deveríamos todos aguardar por uma composição que se dirigisse até à Senhora da Hora, já eram 23:30. Em Francos lá explicaram que devido a obras na sinalização a linha estáva interrompida e que a viagem seriam então, feita às pingas....
Lá segui numa composição com destino à Senhora da Hora, com paragens adicionais em semáforos da via do metropolitano e uma viagem que se faria em 20 minutos passou para o dobro. Na Senhora da Hora fomos informados que deveríamos mudar de veículo conforme o destino desejado: ISMAI, SENHOR DE MATOSINHOS, PÓVOA DO VARZIM OU AEROPORTO. Quando saímos do 2º metro da noite para finalmente ficar mais perto de casa e 1:30 mints depois, o veículo que aguardáva passageiros que teriam como destino Senhor de Matosinhos pôs-se em marcha... sem esperar por ninguém, quando a espera por os metros anteriores era o que estaria combinado e o que aconteceu com os comboios que iam em direcção aos destinos referidos acima.
Gente exaltada, mas com sentido de humor, falou com os funcionários do Metro do Porto e perguntou porque não tinha aquele veículo esperado por nós, pelos vistos é preciso cumprir horários, mas minorar o transtorno dos passageiros não é preocupação da empresa, desde que o pessoal pague, tá tudo bem. No meio do caos dos transportes parece-me a mim, e digo-o do alto da minha ignorância, que o utente está primeiro e se é necessário fazer arranjos na linha ou sinalização e obrigar os passageiros a uma gincana Kafkiana, então vamos pensar neles primeiro, porque os horários já tinham ido para o galheiro, até o meu bilhete nesta fase da viagem tinha expirado.
Mais uns 20 minutos à espera que chegasse o metro que teria como destino Matosos City, e assim, tive um fim de dia e princípio de noite a chafuradar na pseudo-mobilidade que nos caracteriza, na confusão e desnorteio das estratégias e gestões nacionais.
Claro que não culpo a CP pela manisfestação, porém culpo o Metro do Porto pela desorganização e pela falta de respeito pelos utentes dos seus serviços.
Meus Senhores, se não podem assegurar os serviços do Metro, substituam-no por transportes alternativos, não faz sentido terem as linhas a funcionar desta forma, faz mal à imagem da empresa, arrasa a confiança e paciência dos utentes e faz com que os vossos trabalhadores se sintam perdidos e chateados nesta confusão toda, para além de terem de aturar os passageiros furiosos do metro, ainda têm que confessar que pouco sabem sobre o que se passa, transmitindo aos clientes falta de comunicação e articulação dentro da empresa. Como já disse antes, mudem de slogans, são bons, mas são publicidade enganosa, provam a falta de seriedade com que lidam com os que vos "consomem" e acabamos nós por nos sentirmos consumidos e sugados até ao tutano.
Outra coisa que não entendo é porque não fazem as obras e melhoramentos quando não há Metro? Concerteza haverá gente interessada em trabalhar e não terão que ter seguranças e fiscais em cada paragem do troço em alvoroço das linhas do Metro do Porto a aturar gente impaciente e enquanto isso a contar os Metros que passam e apontar sei lá o quê num papel.
Substituam o serviço pelo autocarro, à noite não se sentiria assim tanto e ficaríamos menos chateados, não seria esta gincana de composição para composição (gosto deste sinónimo de comboio/metro).
Sei que o Metro foi e é uma conquista de monta para a cidade e arredores, porém é preciso manter a fasquia elevada e exigir o melhor, sendo que essa exigência deveria começar pela direcção da cebolada em questão e não cortar o serviço, podem ser poucos os que usam o Metro à noite, o que duvido, mas essas pessoas merecem tanto respeito como as outras. E prontos, lá estou a parecer moralista, mas na verdade, num há respeito por ninguém!!! Um dia destes ainda me encontram no Metro a dizer que "No tempo de Salazar é que era BOM".

segunda-feira

Só Visto
Todos os que me conhecem sabem o interesse e fascínio que a televisão e os meios de comunicação em geral exercem sobre mim, assim resolvi que este espaço irá deixar as crises existenciais da Marineide e irá a partir de agora deixar que a crítica de televisão que vive em mim se explique e divague.
Para começar quero então referir a entrevista ou pseudo-entrevista que Merche Romero deu no canal público de televisão, este domingo. Confesso que lá fui dar, meia ensonada, por acaso, não tenho por hábito ver o Só Visto e não poderia o nome do programa enquadrar melhor o que vi.
Merche e seus superiores acharam-se no direito de usar um programa para a menina deambular sobre sua relação com a mega estrela Ronaldo, se justificar aos portugueses e deixar bem claro que quase existe um esquema que pretende denegrir a sua imagem e bom nome. Ora, que raio de cena é esta?
Claro que a nível de estratégia não poderia ser melhor: ela trabalha num canal de televisão, é querida pela direcção e demonstra que tem algum poder no seu local de trabalho, usou o programa para limpar a imagem, sem custos adicionais e ainda ficou mais próxima do público-alvo do programa que apresenta. Visto por outro prisma, podemos dizer que foi usada, que ao lavar a roupa suja em público, contribuí para que a RTP tenha boas audiências e com o quê? Fofoquices, trivialidades.
Demonstra que não se incomoda em abrir o livro e contar tudo o que queremos saber, apesar de dizer que se quer resguardar e não revelar a sua vida íntima. Fico baralhada com posturas
destas, faz tudo para a aparecer e é lhe dada a possibilidade de o fazer no canal público de tv. E aceita.
Pergunto o que tenho a ver com a vida privada e amorosa de Merche e Ronaldo, o que me interessa a mim enquanto telespectadora saber das tricas da miúda, que els estão juntos ou separados, ou porque acabaram? Especialmente quando a menina chora, afirma que existe um esquema para a denegrir, afirma que não a vão deitar abaixo com isto, que se sente triste e desiludida com os jornalistas...
Hello, estiveste mesmo a jeito e foste tu a primeira a correr para os media a contar a história da tua vida! Com música de fundo e em grande close up, qual Primeira Ministra a dirigir-se ao país, Merche fez o que sabe melhor, chegar ao coração dos seus fans, gente com fome de tricas e mexericos, alimentou ainda mais a polémica, contribuiu para que o nível de qualidade e decência ainda descesse mais na programação e conteúdos da tv pública.
Não sei quanto durou a entrevista, pois confesso que não a vi desde o princípio, nem até ao fim, no entanto e depois do apelo sentido à classe jornalística achei que era demais e percebi também que entramos na nova era da tv em Portugal, onde o que realmente conta são os programas de futilidades, onde se dá espaço para que os funcionários do canal se justifiquem e gastem dinheiro aos contribuintes, porque esta é um canal do Estado, divagando sobre nada que interesse verdadeiramente às pessoas.
Não tenho ilusões, a televisão é uma montra de produtos e estilos de vida que as marcas nos pretendem impingir, fazer comprar e consumir, no entanto à RTP pede-se mais discernimento e decência. Com isto não me quero armar em defensora da moral e blá, blá, mas há limites e também existe um provedor e este deveria ser o papel dele, explicar-nos porque é que certas pessoas podem usar os media para se auto-promoverem de forma tão descarada?
Aja um pouco de seriedade. E por isso, neste momento o meu programa de televisão preferido ou rúbrica é a Tertúlia Cor de Rosa no Fátima Lopes, na Sic, ali não há enganos, estão ali, os famosos tertúlianos, para dizer mal da vida dos outros, dissecar a vida dos famosos e mais nada. Ganham dinheiro com isso? Claro que sim, mas não pretendem ser mais do que são e não usam a tv para se auto-promoverem ou responder mais do que lhes é permitido, já que aquela é uma rúbrica sobre nada.
A televisão não existe para educar ou coisa que o valha, mas por favor não "deseduqem" mais ainda e muito menos a usem para as Marias Madalenas demonstrarem que são vítimas e que o Mundo está contra elas. Porque enquanto quem a usa são indivudualidades com algum valor, ainda se aguenta e até já estamos habituados, agora as Merches da vida, isso não....

quarta-feira

Sou figurante e com muito orgulho!

Sim gostaria de saber o que fazer agora que encontrei o meu lugar novamente. Porém, este lugar não é o de há uns anos atrás, este que ocupo agora é decalcado por mim, tenho que manter a lucidez e não tomar partidos, faço de conta que sou uma espectadora de um filme no qual não quero ter parte, sou figurante e com muito orgulho.


Quero só observar e tentar manter o equílibrio. Custa-me reconhecer que desde o príncipio sentia e cheirava o falhanço desta casa, desde o príncipio percebi que só uma pessoa a remar contra a maré não dá resultado, num contracto assinado por dois e para dois. Tento que o falhanço dos que amo não me faça acreditar que se possa reflectir na minha vida como se de uma herança genética/Kármica se tratasse.

Procuro, quase diariamente, expiar o que me atormenta e impedir que se abata sobre mim esta deprimente realidade, são escolhas que não foram feitas por mim, erros que nada me dizem, situações sobre as quais terei que pairar como se a minha alma ou consciência flutuassem por aqui, distante, apenas corpo presente.

Não tomo partidos, não dou opiniões, esta não é a minha vida, a minha sou eu que a traço. Penso e penso para conseguir chegar mais perto da emancipação, tenho vontades libertárias que apenas eu poderei conquistar e que transcendem o cunho familiar. Os laços de sangue só mandam até onde deixarmos, são importantes e existem, logo terão que ser assumidos, mas não o suficiente para que em mim possam mandar.

Tenho esperança e acredito na minha vida, sei que não quero cair nos mesmos erros, sei que me quero pautar pela honestidade e clareza nas minhas relações, não me pesam mais que isto, não consigo, não dá.

Dou o que posso e mais não vos posso dar, sob pena de me perder na confusão do que não é meu. Nos desejos que formulo, existe um para vós e para todos nós, que consigamos sair minimamente ilesos desta história toda, que a lúcidez nos guie e paute as nossas vidas.

Com a chegada do Outono e o regresso a casa, descubro que aqui tudo é físico e material, está mal, não nos leva a lado nenhum. Esqueceram-se do respeito e da lúcidez. Por mais que queira ajudar, não o posso fazer se não a querem, apenas me resta aguardar e não me meter numa situação que não fui eu que criei.

Sei que não mo pedem conscientemente e por palavras,mas tudo isso está implícito. Mas não poderei ser o bálsamo para a vossas dores. Se a minha presença vos conforta, aproveitem-na e não a maltratem, é éterea e plana, lá no cimo. Só cá venho se assim se justificar.
O resto é a vida a fazer das suas.

sexta-feira

Eu e a minha mochilinha

Gostava que depois de verbalizar o que me passa pela cabeça, tudo se fosse para o corpo, do pensamento ao acto como se sem querer deixasse de pensar, só sentir.
Se identifico e desmonto, porque não elimino do sistema o que me faz mal. É do carago, quando o sistema fica infectado. E este mini post será prova dessa infecção, quase doença crónica, quando a inércia toma conta da vida e se aceita o que se apresenta como se esta fosse a única possibilidade/realidade.
Queria fazer reset ou melhor, preferia formatar o disco, apenas guardaria o que interessa, desta vez não em caixas, mas em cd´s ou coisa que o valha. Na manhã seguinte seria nada mais nada menos que um novo disco rígido, prontinho a ser preenchido.
Isto ou pegar na mochilinha e enfiar-me lá dentro até daqui a uns milénios, quase como se me congelasse e voltasse à vida quando ela já não fosse como a conheço, os seres não fossem deste planeta e este planeta tivesse sofrido uma despromoção como aconteceu ao outro vizinho!

terça-feira

Mobilidade Falhada - daqui às Moldivas.

Hoje experimentei ir até à Póvoa de Varzim de Metro, experiência falhada, o metro demorou mais do que previsto porque avariou nas Moldivas Centro (sim, a mítica terra do Outlet das Moldivas, por acaso vi-o - o Outlet - ao longe), nesta paragem e depois de uma viagem cheia de soluços, o motorista lá nos informou que afinal não seria possível completar a viagem na composição em que me encontráva.

Alarido geral, assunto para as calhandreiras de serviço e depois de uma espera na estação do Centro das Moldivas com direito a espectadores no meio das pencas (os desgraçados dos vizinhos do metro na localidade), lá chegou o outro veículo que nos levaria até ao centro da Póvoa. Tive alguma pena dos utentes que vinham nesse comboio que acabei por apanhar. Era o metro expresso para a Póvoa de Varzim e que rapidamente passou a ser a carreira sobre carris electrificados já que passou a parar em todas as estações e apiedeiros.

Não sei, mas este conceito de Metro para lá do suburbano substituíndo, pelos vistos, o comboio, parece-me bastante estranho, já para começar e isso será outra história.
Confusão, confusão é a história das zonas do Andante e o cartãozinho que só dá para ter títulos de uma zona pré-determinada, sem gastar aquela viagem não se pode mudar de zoma. Ora, eu carreguei o meu andante com uma viagem de uma zona até à Senhora da Hora, quando lá cheguei teria que carregar novamente o cartão com uma ou as viagens que quisesse até à Póvoa, mas como a viagem de Matosinhos até à Senhora da Hora demorou menos de 40 minutos, não consegui recarregar o Andante para a Póvoa, porque os tais 40 minutos ainda não tinham acabado.
Moral da história: se os picas tivessem aparecido no alvoraçado Metro e na conturbada viagem até à Póvoa, teria sido multada sem perceber muito bem porquê. Fuck Metro do Porto!
Ora, sei perfeitamente que me iriam responder que deveria ter mais do que um cartão Andante se quero ser utilizadora de várias linhas do Metro e mais não sei o quê e lá se vai a Mobilidade e os belos slogans que arranjaram para descrever a aquisição fantástica que é o Metro do Porto.
Na realidade, nada contra o Metro, mas sim contra o sistema do Andante que das duas uma, ou sou bronca, bronquite agudite ou não me parece nada lógico, expliquem-me, porque realmente não quero ser multada e mais que isso, ter que falar com os picas, quais cães de guarda, dando-me a sensação que falo para uma parede: "Menina, não estamos aqui para julgar ninguém. Só para cumprir o nosso papel, logo passe o B.I, vamos autuá-la. Eu - Alto lá, mas senhor pica, entenda que não me parece lógico este cartonito e esta divisão de zonas, não me parece que ajude à rapidez e simplicidade da minha viagem, ponham lá uma ou duas tarifas para cada zona e fim do problema e já agora, esqueçam as 300 zonas que idealizaram e permitam que o cartonito suporte mais que um destino diferente sem problemas de personalidade!"
Para quê complicar? A minha mobilidade ficou com as pencas dos simpáticos vizinhos da estação de Metro das Moldivas Centro!
"O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço,
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço..."

Álvaro de Campos

sábado


Este foi o texto que escrevi para as provas de selecção do Jornal Sol. O novo semanário do ex-director do Expresso (Espesso), pediram-nos na 2ª prova para escrever um artigo/reportagem sobre a Requalificação do Intendente/Martim Moniz. Desconheço e depois de ter feito o trabalho de campo e mesmo antes, qualquer tipo de projecto de reabilitação, apenas vi os cartazes à frente do Intendente que bem ao jeito do Santana Lopes e herdado pelo Carmona, me parece um bela propaganda. No gabinete fui recebida por um arquitecto que nem podia dar entrevistas. O resto, é a imagem que trago comigo de Lisboa.

O passeio começa na renovada praça do Martim Moniz, uma das zonas mais cosmopolitas da cidade. Neste espaço nobre de Lisboa circulam africanos, indianos, chineses e ciganos, lisboetas, alfacinhas de gema. A ladear o Vale do Jordão encontramos a Mouraria, bairro típico de longas tradições fadistas, uma das zonas da cidade que mais a revela. Lisboa é cidade de porto habituada a receber e enviar gentes e tradições, herdeira da permanência mourisca, é feita de ruas labirínticas que terminam em pequenos pátios e vilas operárias.
O Martim Moniz é a casa de vários povos, do comércio fazem a sua fonte de subsistência e lado a lado convivem lojas de produtos indianos e africanos, variados produtos, cheiros e sabores.
Nas ruelas encontram-se restaurantes chineses ou de inspiração africana. Sentar à mesa com outras culturas é possível no eixo- oriental.
Á medida que subimos a Almirante Reis vamo-nos dando conta da degradação do edificado e das opções camarárias de recuperação algo confusas e morosas.
Desde muito cedo que se tenta reabilitar uma das zonas mais povoadas da cidade de Lisboa, devolvendo ao património e seus habitantes a dignidade que merecem. Em 1996 deram-se por terminadas as obras da praça do Martim Moniz. Em 2003, o então presidente da Câmara, Santana Lopes, apresenta o plano de requalificação do Largo do Intendente para devolver o estigmatizado bairro à cidade. Manda fechar a rua, retira uma série de camiões estacionados no Largo que serviam de abrigo para os toxicodependentes e inícia as obras de reabilitação.
Várias vistorias a estabelecimentos comerciais são feitas, muitas pensões e cafés da zona são encerrados por falta de condições. Actualmente, subsistem meia dúzia de estabelecimentos comerciais. Uma mercearia que vende produtos alimentícios e de higiene pessoal e um tasco com aspecto interdito. E tem também à entrada Polícia Municipal e nas noites mais agitadas, na entrada oposta, a PSP. Para um dos agentes ali presente o Intendente tem “posto de saúde, bares e miséria”.
Passado três anos, foram recuperados próximo de 28 prédios, maior parte destes com o consentimento e colaboração dos seus proprietários, quatro deles sofreram intervenção coerciva.
No entanto, a marginalização da zona continua. O Intendente contínua a ser local de prostituição, de venda e consumo de drogas a céu aberto, sem pudor, alastrando-se à Igreja dos Anjos, percorre o bairro da Mouraria, o Martim Moniz, sobe até à Praça do Chile e Alameda.
Quem aqui habita e trabalha habituou-se há muito a este espectáculo da degradação humana e de exclusão social. Pelos vistos, a recuperação do edificado não chega para reabilitar as pessoas. População que não é só composta pela comunidade de toxicodependentes e prostitutas, ali vivem também idosos com baixos rendimentos, que tradicionalmente e nos bairros das grandes cidades, estão isolados e amedrontados. No Intendente estão presos aos vícios e infernos dos outros.

Para o arquitecto Sá Pereira, responsávelo pelo Unidade de Projecto da Mouraria, ao qual está adjudicado o Intendente, desde 2003 já muito se fez pela zona e o balanço “é muito positivo”. Neste gabinete, que existe desde 1987, traçam-se as linhas de actuação, o que fazer ao edificado: “evitar que caía”, exclama o arquitecto, faz-se o inventariado do património de forma pormenorizada, no terreno contam-se fissuras, rodapés, portas e janelas património de todos, abandonado ao passar do tempo. Como explica Sá Pereira “Este é um trabalho de campo e não de secretária”.
Diz também que metade dos prédios do Intendente estavam habitados, em 2003 e foi necessário realojar as pessoas. O gabinete conta com assistência social para os casos mais bicudos, todos os esforços são poucos para resolver os vastos problemas da zona.
O Martim Moniz, curiosamente, não está sobre a alçada do gabinete da Mouraria, quem decide é a EPUL. No lado oposto ao gabinete é possível ver um enorme estaleiro que está ali há alguns anos a impedir a passagem de quem circula. Deverá nascer habitação para jovens. O arquitecto explica que demora tanto tempo “Porque neste terreno foram encontrados diversos vestígios arqueológicos de quase todas as épocas históricas”. Este é o lado nascente do Vale Jordão, local que desde a fundação de Lisboa foi fortemente habitado. Nesta encosta corria um ribeiro.
O projecto para a nascente do Vale foi aprovado em 2003 e depois das descobertas arqueológicas não foi mais revisto. O futuro será a construção, os vestígios arquelógicos estão a ser inventariados e pouco ou mais nada se sabe sobre o assunto.
Nada se sabe também sobre um hotel de “charme” supostamente projectado para o Palácio do Intendente de Pina Manique. Largo que alberga também o Museu do Azulejo, uma das mais fortes expressões da cultura portuguesa e um dos baluartes da intervenção na área.
Ao andar pelo Intendente vê-se que as obras chegaram, muitas estão já concluídas, alguns prédios abandonados foram novamente habitados pela população jovem que o centro de Lisboa está a começar a receber. Jovens licenciados que trabalham em Lisboa e aqui fazem a sua vida, a par destes muitos estrangeiros e estudantes.
Neles reside a esperança da reabilitação do eixo Oriental, gente que devolva a juventude a uma população envelhecida com problemas de isolamento, a par de núcleos familiares cada vez mais reduzidos, que vivem na rua porque esta é a extensão natural das casas pequenas e recortadas e por isso, é tão importante devolver o Intendente aos lisboetas.

terça-feira

apetece escrever sem ler o que fica nas linhas do papel que e que não representa uma angústia. angustiante é a vida e as suas escolhas, os caminhos que transformo em letras, pretas e espessas. que no seu conjunto não raras vezes a preto e branco, vão colorindo o vendaval que sobre ti se abate.

ingenuamente, encho o lençol e sou invadida por um prazer aliviante, de esvaziar o recipiente pensante, aglutinador do mundo em mim.

alma que me atormenta nas noites de calor, sufoca o corpo e a mente, transborda do cérebro a lava incandescente do dilúvio temperamental do dia e noite que passa e se entreanha na pele. de onde vim sei, para onde vou, páro na estrada dos caminhos escuros, reluzentes de promessas, perco-me nos trilhos falsamente fáceis do percurso. entre as árvores sons, cheiros e óasis de vidas e cores que ilucidam a passagem, o futuro caminho. no meio e entre o ambicionado e o presente, braços de árvores centenárias, frondosos ramos cortam a vista de ir mais além.

casas aconchegantes e ternurentas, cheias de familariedades e cantos explorados, apinhados de rotinas e hábitos, umas vezes coloridos, umas vezes extenuantes e chatos. Nem um buraquinho no chão do refúgio. Os animais e secretismos já não vivem aqui. Apenas o pó criado pela contemplação e hábito do conforto e aconchego.

quando sopra a briza, o vislumbre, nada claustrofóbico do mar calmo e fresco, depois da falta de sombra, alimenta o desejo de mergulhar, novamente, no caos refrescante que vive em ti, em mim, por entre os prédios de vibrações rectas e altas, ondulantes de recheio orgânico do viver e existir.

quarta-feira

Apetece-me gritar que quero mudar de vida, nada de especial, que me apetece encontrar novos caminhos e tudo e tudo. Então, na busca pela letra do evidente "Muda de vida" do Variações, deparei-me com a vida do homem que ansiou ser mais do que lhe tinha sido, hipoteticamente destinado( se é que isso existe).

Evidentemente que este senhor é uma fonte de inspiração, não só para mudar de vida ou escrever longos posts, ou talvez sim, mas para acreditar que tudo se torna melhor quando temos vontade de viver. Ganas de viver muito e não deixar que o tempo passe, ganas de sentir mais, ganas de sorrir e aprender, descobrir e partilhar. De afirmar o meu lugar, o meu espaço, tal como sou, assim, normal e disparatada, mas com força e vida, momentos de coragem e cobardia. Como diz outro grande senhor (Sérgio Godinho) o que difere um corajoso de um cobarde é a direcção que cada um toma. O primeiro foge para a frente e o segundo para trás. E de caranguejo temos todos um pouco, bem como de tolos e disparatados.

De sensatos e de acertivos, ambiciosos e lutadores também, mas menos, porque a perfeição pertence aos Deuses e o que deverá contar é a fidelidade aos anseios, desejos e vontades.

Então, para lhe agradecer o sorriso que me ofereceu, resolvi, mesmo assim, postar a letra de uma das minhas músicas preferidas do ironicamente, cabeleireiro mais popular de Portugal.

"Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais

Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Porque já estou farto
De ser o olfacto
Da tua laca e desse spray
Que é de uma marca que eu cá não sei
Ah, esses teus sais
Eu já não aguento mais

Estou enjoado do teu perfume
Esse extraído de um raro extrume
E com esse bass-stick
Não há nariz que não fique
Saturado de cheirar
Pára é de me gastar

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais

Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Não sou coisa nova
Para a tua moda
Não sou trança do teu penteado
Nem cabide do teu novo fato
Sempre gostaste de ser
A cópia do geral paracer

Não sou espelho da tua vaidade
Nem a pastilha do teu à vontade
Não, comigo não
Não sou canal de televisão

Creme de noite, creme de dia
Um que endurece, outro que amacia
Tratas muito da fachada
Por dentro não tratas nada

Não me consumas
não me consumas
Não me consumas"

António Variações



terça-feira

Pelo Mercado!

Vida de operária é o que tenho durante a próxima semana. levantar bem cedo. Também existe vida a essa hora, gente que se levanta ainda de noite para levar coisas que nos são tão essenciais como a comida, os jornais, os medicamentos...

Uma manhã no talho é qualquer coisa de agitado. Gente acordada e stressada há uma ou duas horas. Rapidamente se corta tudo e se constrói os pacotes para os clientes. Facturas, recibos, quantidades e up we go! Tá tudo pronto para a "volta" dos restaurantes e isto ainda são 9:00 da manhã, já eu estava cidrada, colada ao banco que me foi destinado.

Num ápice, uma sala cheia de gente fica vazia e silenciosa.

Os mercados já não são populosos como antes, o fluxo de gente nas "ruas" do mercado é diminuto e os pregões devem ter ficado lá atrás. Não ouvi nada, apenas alguns nomes no ar. As bancas ao fim da manhã estavam quase tão cheias como no início do dia. As verduras, os doces, as carnes e peixes ficam lá. Um bom sítio para se ir buscar comida que vai directamente para o lixo.

Enquanto tomava café, na tasca do lado, pensava que em Marrocos, por exemplo, os mercados estão cheios e vibrantes seja a que horas forem, são enormes, e divididos em secções. A rua do peixe, a avenida dos vegetais e frutos, os vendedores de tapetes, as barracas de bijuterarias com sofás improvisados para negociar as mercadorias...

Cá parece que é ao contrário. Vi muitos imigrantes a fazer compras, velhinhas com carrinhos de compras, mas nada que se compare a qualquer mercadinho de rua de Paris, Amesterdão ou Londres, nem a África, imagino...

Vai ser uma semana divertida e cansativa... Felizmente junto o útil ao agradável, o dinheiro ao conhecimento de outros circuitos.

Este dia longo de mudanças e afins termina com poucas certezas e ainda mais mudanças. Pelos vistos, as mudanças não só feitas em caixotes e caixinhas disciplinadamente compartimentadas, são capítulos que se fecham e outros que começam, são vidas que terminam lado a lado.
Destas mudanças espero que venham dias melhores, novas descobertas e afectos, caminhos nunca dantes trilhados.
Vou passar a ter mais casas e núcleos para visitar, famílias que se alargam pelo bem de uns e tristeza de outros.

domingo

De caixa em caixa
Perdi o meu post de caixinhas, estou amuada. Sempre gostei de caixas de várias cores e formatos, de verga, plástico, cartão, vidro ou tecido. tenho uma série delas.
Há tempos, na Feira da Ladra descobri uma barraca só om caixas, ainda lá gastei uns euros, quando me decidi a gastar mais uns e sonhei durante horas com a próxima compra a barraca desapareceu. Acho que alucinei! Mas tenho a prova provada na caixa de chá com motivos orientais de como ela existe e já residiu durante muitas Feiras da ladra, apesar de eu ceguinha, só a ter visto uma vez.
Euros que poupei, sorrisos que não tive! Na minha colecção existem uma 10, as pequenas. Porque depois existem as maiores, algumas são caixas de sapatos. Também gosto dessas. Toda a gente mas dá. Gosto de guardar as coisas lá, por secções organizadas de tralha. Cassetes, fotografias, colares, pulseiras, papelada...
Tenho uma tia nova que me alimenta esta vício. Todos os Natais e aniversários me dá uma caixinha e até agora não me desiludiram. As várias caixas que fui tendo ao longo dos tempos reflectem a minha idade. Quando era miúda tinha umas feisosas, de lata e cores pirosas em forma de coração. Uma delas tenho desde sempre, uma forrada a tecido, da Indonésia, caríssima, que a minha mãe tentou vender na loja dela, não ficou exposta uma semana, já que durante 5 dias a atormentei e a venci pelo cansaço. A caixa era minha.
Na casa de Sampaio, lembro-me que a minha avó tinha uma série de caixas onde guardáva os almejados biscoitos. Prémio para quem tinha comido o almoço todo(sopa, comida e fruta). Chegáva-lhes em cima de um escadote, nas prateleiras altas demais para um miúda de 4 anos. Para ter os biscoitos comia a minha parte e dos primos, se tal fosse necessário.
Nos vários quartos que fui habitando, condição de filha de pais separados, tinha várias caixas diferentes. As da minha avó Lídia eram as mais luxuosas. Madeira com trabalhado de marfim e forradas a tecido vermelho vinho. A minha mãe tem uma linda cheia de fotografias, mal fecha e está meia torta, mas cumpre com o propósito das caixinhas, guarda tesouros. Do lado de fora, é um objecto de contemplação.
Gosto de engrossar a minha colecção e não perco uma oportunidade de trazer mais uma para casa, às vezes uma caixa de bolachas consegue aplacar o meu desejo, umas de cartão coloridas fazem a vez de qualquer caixa cara, tenho sempre alguma coisa para lá por, ainda não as tenho nas mãos e já sei que destino terão. E gosto de trocar o conteúdo várias vezes por ano. Gosto de procurar as minhas coisas e pensar que está naquela caixa que arranjei ali ou me foi dada por fulan@ tal. Os amigos da faculdade deram-me uma forrada com fotos nossas, as tardes, viagens e noites que vivemos nos 5 anos de curso. O que preciso de guardar, desta vez, está do lado de fora.

sexta-feira

O que foste e o que nos escondeste.
Hoje, enquanto andei pela Capital do Grande Império em missão, do Restelo ao Mercado de Arroios, lembrei-me de si. Era assim que chamava a Lisboa, do alto do seu mau feitio e personalidade conturbada e fechada, sempre que nos despediamos ao Domingo, depois do chá e das torradas.
Tenho pena que tenha levado consigo um espólio considerável de aventuras familiares e uma vida de saltimbanco, gostáva de me ter sentado a ouvir algumas das histórias que acabou por contar a quem lhe amparou os últimos dias. Pelo que ouvi, foram anos animados, histórias de paixões e amores arrebatadores, posições e atitudes que ninguém o veria a tomar. Memórias que lamento não conhecer. É verdade que não me pertencem, mas sem elas é como se nos faltasse tanta coisa. Já que partilhámos o mesmo sangue, nome e mais que isso, o marcante mau feitio e espero que não a personalidade conturbada, como não quis dizer mais que uns grunhidos e retoques desagradáveis?
Ao senhor fidalgo apenas lhe interessavam os patos e as galinhas, os campos de cultivo, os jardins e árvores frondosas da casa de Sampaio de Merlim. As crianças nunca foram o seu forte, servem para se mostrar e educar com rédea curta. Mas fique sabendo que apesar de tudo, guardo até hoje o cheiro a lavanda que corria naquele corredor fresco e sombrio da sua casa e o cobria desde a perna estragada até aos cabelos prematuramente brancos e também guardo a esperança, lá no fundinho das minhas crenças, que se existirem outras vidas nos vamos encontrar e me vai explicar o porquê de levar a vida que levou.
Em cada um de nós reside um bocadinho de si, as histórias que viveu moldaram-no e determinaram a forma como nos via e sentia. E tudo isso, contribuiu para o que sou hoje. Os pés de pato e tortos são seus, as manchas na cara também, o feitio desconfiado é culpa sua, a rudeza de espírito pertence-lhe, então porque me obrigou a apaga-lo?
Na minha arca dos afectos, em relação a si, passei por todas as fases, a que não compreendia nada e para mim eras mais um velho rezingão que às vezes me pegava ao colo e sempre longe de olhares suspeitos, o nada sentir, senão o medo que o teu olhar frio me provocava, a revolta por seres desagradável e mau. A opinião que não passavas de um velho conservador, fascista e que não representavas nada senão o que deveria ser combatido por todos nós: a intolerância e falta de amor pelo próximo, e pior, a falta de amor por ti, que te fechavas a todos e encaravas a vida como uma cruz pesada que carregavas.
No fim, cheguei a ter compaixão por um velho que queria apagar o que fez de mal, que queria reunir a família não por ser obrigação tua e nossa, mas porque até nutrias alguma afecto pelos "teus"! Nunca fomos teus, nem tu nosso, nunca me senti pertencente à tua vida, porém agora, quando me lembro de ti e procuro outros caminhos, tenho pena de não te ter ouvido como eras, de ter visto o que habilmente escondias de todos. De pelo menos ter conhecido partes da tua vida, das tuas memórias!
Para a posteridade fica a maldade que creio te tenha sido intrínseca.
Podias ter partilhado a sabedoria que acumulaste, as paisagens que viste, as conversas que tiveste, os caminhos que trilhaste e as gentes por quem passaste. No entanto, escolheste fechar todas as portas, escolheste o caminho fácil que é criar conflitos em vez de erguer pontes.
Pois fica sabendo que de ti também me devem ter ficado coisas boas, fica sabendo que não verti uma lágrima por ti e que o melhor que poderei fazer que honre a melhor pessoa que podias ter sido é não esquecer que somos feitos da mesma matéria e não deixar que essa ira irracional que anda à solta nos genes e história familiar tomem conta de mim como fizeram contigo.
E pronto, está resolvido o velho manco e rezingão!

quinta-feira

Só um apontamento de revolta: MAS PORQUÊ A PIZZA HUT ACHA QUE ME DEVE ENVIAR SMS´s TODOS OS DIAS?!!
Não quero, nem gosto assim tanto das vossas pizzas e além disso, em minha casa fazem-nas bem melhor, menos industriais e com mais amor. Não quero pizza, essa porcaria engorda e faz borbulhas na cara!
QUE PRAGA!
Espero que à semelhança de qualquer empresa que se preze esta também tenha um call center, vou ligar e pedir que me retirem da vossa lista!!
Hei-de estar no Burundi e saber que há promoções de pizzas 4 estações para toda a família, (ali no restaurante da Foz), que vendem as sinistras aberrações de pizza de bacalhau com natas ou doce de framboesa, tudo com umas coxas de frango a acompanhar. Odeio coxas de frango, deslarguem-me da mão.
A Cidade que me fez procurar

Hoje é o meu penúltimo dia de trabalho nos estudos de audiências e afins, sinto-me cansada e sugada dentro desta máquina! Apetece-me inactivar isto tudo.
Espero amanhã ser invadida pela excitação de não fazer nada, ter todo o tempo do mundo para mim e algum dinheiro no bolso.
Nos entretantos, mudanças e caixas, e declarações disto e daquilo e despedidas e o que andei a adiar: o até já à cidade que durante 6 anos me acolheu, uns dias tratou-me melhor que outros. Roubou-me energia e desfez-me ilusões, mas deu-me amigos, sítios especiais, vistas deslumbrantes, noites amenas e dias escaldantes.
Dias e noites que me vai continuar a dar, sempre que voltar sei que tenho um lugar na sua dinâmica e loucura, sei o que mais gosto nela, o que me faz sentir daqui. Reconheço a calma dos degraus de Alfama, a vista do Castelo, o jardim zoológico que é o Adamastor, a calma do rio e a luminiosidade aflitiva do estuário do Tejo, conheço os segredos que encerra Monsanto, a animação dos Santos Populares, os dias cinzentos de Inverno e os perigos da calçada portuguesa num dia de chuva, os recantos e tascas do Bairro Alto (sim, porque o que de melhor o bairro tem não são as suas lojas caras e falsamente cosmopolitas, mas sim os seus tasqueiros rudes e gentes desconfiadas. O Bairro não é um centro comercial!). As homenagens feitas à estátua, os jardins e miradouros que se debruçam no rio como quem quer ir mais longe, ver mais do que a vista alcança.
Vou inactivar o lar!

quarta-feira

Olhos que não vêem coração que não sente!
Dizia-me um possível participante no estudo de audiências que esta coisa de ter um programa instalado no computador com o seu conhecimento é um bocado chato, até é melhor quando não fazemos a mínima ideia do que se passa. Assim como assim, olhos que não vêem, coração que não sente!
Uma lógica que não consegui entender e que nem tentei explorar muito, apesar de a minha função ser exactamente a oposta, tentar perceber e convencer as pessoas a instalarem a dita aplicação.
Até me rio de vez em quando com as justificações que dou para que colaborem, mas uma resposta deste calibre deixa-me sem acção ou argumento que cole. Mais, com argumentos como estes nem eu quero participar em nada ou então, e senão me tivesse despedido no início do mês, seria agora.
No outro dia dizia uma senhora que sabe sim senhora que o filho instalou o programa no pc lá de casa e que sim senhora, se assinala correctamente na caixa dos "navegantes" e que segue isso como uma religião. Palavra puxa palavra e percebi que a senhora nem sabia porque fazia aquilo.
Cá para mim, se fosse parar à ilha do Lost seria o Locke lá do sítio. Inserir uns números num pc, sem saber porquê.
Ora, esta senhora punha o visto à frente do nome sem fazer a mais pálida ideia do que se trata e depois ainda me contou que tinha falado com o filho para saber se é realmente verdade que se se aceder a uns sites várias vezes por dia, é paga por isso. Pois, pensa a senhora que andam ai umas empresas (de confiança, portanto) que dão dinheiro a troco de clicks e visitas aos respectivos sites.
A banha da cobra, que pelos vistos, nem precisa de grande engenho oratório dos respectivos "trojões", já que as pessoas e na procura do lucro fácil, se deixam enganar e se enganam a si próprias, ou seja, já vão enganadas e convencidas e bem, pelas pessoas que melhor nos enganam, nós "los outros"!
Abençoado aquele que se lembrou das audiências e estatísticas, pois sem esta brilhante ideia não teria trabalho. Big up para o que de seguida, logo logo, logo achou que o telemarketing é que era!!

segunda-feira

Dizia aqui uma colega que as esteticistas do painel têm tendência a serem casadas com os camionistas!
Penso eu para os meus botões: que misturada, ela sempre impecável e loura, as unhas feitas, os sapatos da Seaside, as cores berrantes e alegres, tipo cor de rosas, verdes alfaces, as gangas com aspecto usado, por vezes as raízes um bocado aldrabadas e ele...o rei da autoestrada e qualquer itinerário secundário ou ponte deste mundo, barriguinha, camisa ao quadrados ou então a bela da camisola branca e as calças de ganga com o cinto a segurar o estômago saliente, aquelas conversas.
Ela delicada e ele um bruto à primeira vista, ela preocupada com os arranjos e as depilações e as fofoquices e ele o maior adepto da selecção, da mini e do prato de couratos!! Na volta até combina.
Ao pé de casa dos meus pais, mesmo em frente ao Porto de Leixões era comum quando era miúda dar de caras com os camionistas que frquentávam a tasca onde o meu pai toma café e onde tantas vezes lhe fui comprar cigarros. Ainda existe, a tasca do senhor Ribeiro, um tipo simpático que vende um vinho lá das suas propriedades fresquinho e bebível. Um senhor bem simpático e cómico q.b. Sempre cheio de camionistas, daqueles barrigudos e ordinários a cheirarem a camião.
Não tenho boas recordações do espécime. Estar na paragem de autocarro, qualquer que fosse, ali ao pé do Porto, sempre foi uma chatice. Lá passavam os camionistas, "óh boa! óh riqueza", mesmo eu não sendo uma top model e muito menos quando era adolescente. Sinais de luzes, buzinadelas, piscadas de olho. Fuck, chatos de merda. Os camiões mal estacionados, mesmo em cima das curvas ou à frente da paragem do bus. Muitas vezes perdi o autocarro para a escola porque não o vi lá ao fundo e porquê? Os camiões dos camionistas que estávam na tasca do Ribeiro a beber mais um mini não me deixávam perceber se o bus estáva a chegar, claro que quando, acelarradissímos passávam na minha paragem, nem me viam. Lá ficáva eu mais não sei quanto tempo a levar com os camionistas e à espera do autocarro.
As esteticistas? Pois, acho que são umas senhoras perversas e que noutra vida torturaram gente por esse mundo fora. É verdade que recorro aos seus préstimos, mas acho que nunca o conseguiria ser. Passar o dia a arrancar os pêlos das clientes com a cera quente, fazer o buço, usar a pinça, as bandas, as virilhas ... só de pensar fico aterrorizada. Sinceramente nem sei como lá consigo ir, aliás, acho que se contínuo a descorrer sobre o tema nunca mais lá ponho os pés. E o que me faz mais impressão são as esteticistas que arrancam os pêlos a si próprias.
Tive uma que pedia ao filho para lhe fazer a depilação, coitado do rapaz. Não me parece que seja uma actividade própria para um rebento. Acho que não faria a depilação à minha mãe, pêlos encravados, aplicação da cera em locais poucos ortodoxos...
Acho também, e depois de anos a fazer depilação, que as esteticistas não são boas da cabeça, tenho sempre impressão de uma mulher possessa a tirar pêlos com conversas que não lembram ao diabo. Aliás, a minha penúltima, era de fugir, desbragada e vulgar, ordinária que baste. Esta era a que pedia ao filho para lhe fazer o serviçinho, tinha conversas sinistras ao telefone com as amigas à minha frente, não é que me choque, mas pensei muitas vezes, enquanto estáva deitada na marquesa pronta para a matança: Por que raio preciso eu de saber que a senhora tem um vibrador ou que a amiga lhe quer dar um ou que a minha esteticista é uma louca!
As conversas dos camionistas pelo que me lembro não eram muito diferentes, se calhar estão mesmos bons uns para os outros e a minha colega até tem razão, os camionistas casam com esteticistas!

sexta-feira

E fui ver o que é a Fé "(...)é o mesmo que acreditar ou confiar; por algum motivo geral ou pessoal, por alguma razão específica ou mesmo sem razão bem definida, com ou sem evidências físicas" e depois vi e absorvi o que é a Força "força (F) é o único agente do Universo capaz de alterar o estado de repouso ou de movimento de um corpo" e esta é uma definição que pertence à Física e no entanto foi a que mais se apropriou ao que quero perceber do que é a Força que me governa.
Do vazio ou esticar a corda até ao fim.
Demorei horas a vestir-me, quando escolhi, escolhi uma saia leve e branca com um top de cores veraneantes e alegres e fui novamente à luta. Novamente sentei-me à frente de pessoas que não conheço de lado nenhum e que querem saber tudo sobre a minha vida (poucos fazem perguntas pessoais, de qualquer forma, são sempre relacionadas comigo e indirectamente acabam por saber mais do que gostaria de contar).
De um bar no Cais de Sodré ao escritório claro e agressivo da Av. 5 de Outubro, locais diferentes, habitados por gente tão diversa, as perguntas são sempre as mesmas; a minha motivação, a minha experiência, as minhas ambições a curto e médio prazo, o que gosto de fazer(?)...Nesta pergunta não consegui responder de forma totalmente sincera nas duas conversinhas. Já não sei responder, o querem que vos diga!
Gosto de não fazer nada disto, de procurar empregos que não me satisfazem, sim, gostaria de escrever todos os dias, gostaria de ter um emprego num jornal ou numa rádio, queria ser jornalista, mas lamento, não me lembro disso, especialmente quando estou na 500ª entrevista e me sinto sugada até ao tutano pela vossa curiosidade vampiresca, porque me esqueci de sonhar nestes meses largos que andei à procura de um caminho menos doloroso, um caminho onde o sol brilha mais e ganha às nuvens negras que se abatem sobre todos nós.
Sou eu que precisam, sou eu que vou marcar a diferença, sou eu que vou ser a funcionária ideal, blá, blá, blá! Rigorosa e dedicada, polivalente, flexível e motivada...para trabalhar até às quinhentas por tostão furado, motivada e polivalente para vos ver a encherem-se de dinheiro e mesmo assim serem uns tristes e desgraçados viciados no trabalho, flexível para poder aturar de cara alegre o mau humor e problemas emocionais de chefes menos simpáticos. Sim...pode ser, senão como vou ganhar o que me permite viver e esquecer que 5 dias por semana vos tenho que aturar!
As entrevistas, os processos de selecção, as perguntas, os currículos, o falso interesse, as salas impessoais, as empresas, as associações, as lojas, os callcenters, os quiosques, as publicações, as promessas de vida melhor e desafogada...tudo isto já me cansa!!
Porém, sabendo eu disto tudo, do que me faz sofrer as quinhentas portas que se me fecharam, as experiências menos boas, as noites mal dormidas e de agitação, as insónias e as horas excessivas de trabalho precário e pouco satisfatório e depois de ter no meu cérebro um mapa exacto de como é o mercado de trabalho e do que normalmente têm para me oferecer, não desisto.
E este impulso é tão incontrolável que todos os dias tenho a mesma rotina, verifico as páginas de emprego, envio currículos, respondo a emails, faço pesquisas e quando atendo os telefonemas, depois de ter enviado radiografias completas da minha vontade e força de ser mais do que sou, acredito como se fosse a primeira vez, de que é desta que irei começar, é desta que deixo os trabalhos mal pagos e inúteis que em nada me estimulam, acredito que vou conseguir um dia fazer alguma coisa que me torne mais realizada.
E quando saio de lá, daqueles enormes edifícios de escritórios, de salas refrescadas pelo ar condicionado e das pessoas com ar sisudo e distante como se esse fosse sinónimo de competência, a sensação é sempre a mesma. A de vazio, brutal, abismal, o nada ecoa dentro do meu peito, de tal forma é forte que não me deixa respirar.
E se amanhã me telefonarem para outra entrevista, se me solicitarem a exposição novamente...eu vou e acredito que um dia será o meu. Talvez esta força seja fé, talvez seja instinto de sobrevivência, mas acreditasse eu nesta força sobrehumana que me faz caminhar pela cidade de entrevista em entrevista, em todas as situações da minha vida e tudo seria bem melhor.
Acreditasse eu todos os dias que o Mundo pertençe aos que tentam, os que têm força e não a deixasse fugir quando me exponho e talvez não me sentisse tão vazia de ambições e sonhos. Sempre com uma fatiota leve e fresca.