"Should I stay or should I go?"
Contínua qualquer coisa como quando as decisões me aborrecem, lá, lá...Pessoalmente penso em partir, mas só penso não concretizo e vou, de mansinho, para o meu safe place como diz a Sally da série "Couplling".
No entanto, o meu sítio seguro tem sido invadido por uma série de inseguranças e todo o cenário maravilhoso deixa transparecer um fio ou uma câmera e um microfone como nos filmes de má qualidade, bem por trás de uma palmeira frondosa que habita o meu safe place.
É a vida, os safe places não são herméticos, intransponíveis e...em última análise seguros. O que me chateia!
Todos deveríamos ter um safe place, parece-me mais útil que um amigo imaginário. Um lugar tão elaborado que nem nós saberíamos onde é, apenas os caminhos labirínticos da imaginação saberiam como se vai lá dar. Um lugar imaginado por nós assim que nascemos para este mundo, quase tão perfeito que não saberíamos como distinguir entre o safe place e o mundo real.
Ou melhor, o safe place poderia ser este universo, mas não é, e por isso me vejo impelida a ir para o meu safe place.
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Deixando o safe place. Ele anda tão habitado estes dias que pode deixar de ser ainda menos seguro se continuar a fazer esta publicidade toda.
Hoje li uma revista feminina, aliás leio várias vezes, e por defeito profissional ou não, pôs-me a pensar naqueles conteúdos. Nenhuma novidade, existem várias dissertações teóricas sobre o tema e toda gente compreende o propósito das mesmas. Mesmo assim, apetece-me divagar sobre estas.
3,50 euros por uma revista repleta de publicidade, anúncios esses que se adequam com o tema de capa de cada edição, ai está uma estratégia requintada. Fotografias e produções de moda, as últimas da estação que agora se inicia, uns artigos meios desgarrados lá para o meio sobre o museu de arte antiga, as jóias das celebridades e como vão parar às mãos, dedos, pescoços das estrelas, enfim...nada.
Mais vale comprar a Caras ou a Lux, até a VIP. São mais baratas e ao menos já sabemos que os textos versam sobre as tias, tem fotos bem grandes, além das fotos paparazzi e aquelas rubricas que adoro: imagens dos convivas de determinado evento social, nas quais o interesse maior são as farpelas dos mesmos. Acho lindo, especialmente as fotos das tias mais velhas com os seus cabelos armados e cheios de laca, expressão facial meia esgroviada por causa dos flashes e plásticas.
O maravilhoso jet-set diverte-me mais que uma revista feminina e até, mais do que um filme do Woody Allen. Acho que se o Allen lhes pussese a vista em cima também se divertia. Gosto de todo aquele espectáculo das melenas loiras, as plásticas, os sorrisos dos anúncios das pastas dentríficas, o último grito da moda.
Na semana passada vibrei com os Globos de Ouro, a parte mais divertida é a do tapete vermelho, o resto acho que deviam abolir, não tem qualquer interesse e soube por um amigo que as limusinas que transportaram os convidados até ao renovado Campo Pequeno, outro fenómeno tipicamente português: as resoluções dos nossos problemas passam por construir um shopping em cada canto de cada cidade. Está sem vida, não tem gente, já não passa de uma praça de touros decrépita que alberga em sim uma prática também ela decréptica e animalesca, a tourada, constrói uma galeria comercial, não dá lá dentro, faz no subolo, tipo estacionamento. Perdi-me, as limusinas eram só três que davam a volta à Praça e iam buscar os convidados às traseiras do espectáculo, lindo.E nós, a pensar inocentemente que cada um dos convidados poderiam ter alugado uma limusina. Inocentes!
O local da festa pareceu-me apropriado para o bando de forcados, vulgo meninos betos, que lá devem ter estado, tanto na plateia como naquelas tribunas ao longo do tapete vermelho. Crianças histéricas a acenarem à Melanie C como se fosse o Cristo Redentor a aparecer novamente cá no burgo.
Foi a feira das vaidades e da cusquice e sabe lá mais o quê. Os repórteres do tapete vermelho estavam encantados. Aliás, repórteres que estã a crecer a olhos vistos e já se justifica a criação de um subgrupo dentro do jornalismo, tal como existem os jornalista de guerra, também deveriam ser considerados os jornalistas do Tapete Vermelho.
No fundo, chega a ser uma prática jornalística tão perigosa como o repórter de guerra, uma pessoa corre o risco de levar com uma mama de silicone, escorregar numa cauda de um vestido, ficar intoxicado pelo cheiro a perfume intenso e pior, ter que entrevistar a Pimpinha e fazer de conta que é a criatura mais fascinante e interessante do mundo.
Medo, muito medo!!!!!!!!!