quarta-feira

El Showbizz me Encanta

Vi pela primeira vez a cerimónia dos Óscares (juro que foi mesmo a primeira vez) e houve momentos de quase desistência, momentos de seca tremenda, farta da lamechice americana com ganas de serem universais e bons vizinhos. Primeiro a tirada maravilhosa da Ellen: este ano os Óscares são mesmo universais, além de americanos temos o México e a Espanha a concorrer! Realmente, eles só premiam ou seleccionam filmes e gente estrangeira no Óscar de melhor filme estrangeiro e fica o caso arrumado. além de ficarem contentes com dois países presentes para além do seu. Já dizia o outro que três pessoas são um ajuntamento ou uma célula com direito a voto no Comité Nacional de um qualquer partido anti-regime.

Percebo que a indústria cinematográfica americana seja avassaladora, toda a gente sabe disso, mas também não é preciso esfregarem-nos esse facto a toda a hora. É por isso que prestei mais atenção na altura da passadeira vermelha, assim como assim, o conteúdo dos Óscares em si se não é nulo, é quase, prefiro ver os vestidos e até havia vestimentas bonitas, pena que filmem só as gajas, os gajos nem vê-los, aqueles actores bonitões e tal. Só Nicoles e Jennifer Lopez com incríveis e vistosos vestidos.

Os apresentadores sabem os nomes dos estilistas todos, dos 200 vestidos que as estrelas passam ali que são sempre parecidos, não iguais, mas transparecem uma linha comum do que se usa este ano. Nestas cenas de passadeira vermelha parece-me sempre que o pessoal muda de vestido várias vezes, uma foto vai atrás do carro e muda de roupa. Porque são tantos flashes, tal é a confusão de gente a pedir que olhem para a objectiva que fico baralhada, até percebo porque é que as estrelas nessas situações não digam nada de jeito.

Se a mim me enfiassem dentro de belos vestidos estrelicados(um estrelicado mais larguito, é uma verdade), muita maquilhagem, cabelos hirtos e firmes e altos tacões- além de ficar linda- num corredor feito de paredes humanas com flashes, câmaras e jornalistas a chamarem por mim, não iria estar bem, é que antes ainda se via que havia plateia a esperar ansiosamente pelo cumprimento do ídolo da adolescência e da celerebridade de eleição, agora quase nada, só fotógrafos.

O que me lembra a Victoria Spice girl a chegar deslumbrante à after-party do Sir Elton Jonh, glamourosa que baste, a irradiar posse e efeito. Fiquei impressionada quando vi as imagens da pequena a olhar para a objectiva. Uma expressão plástica foi transmitida pelo televisor e ainda por cima, branca imaculada. Caricatura de si própria a Victória.

No que toca ao imenso saber dos repórteres da primeira linha do acontecimento, vejo invariavelmente as assessoras das celebridades e costureiros, bem como dos estúdios e agências que representam aquele pessoal a enviar comunicados de imprensa para divulgar o criador que veste a Nicole ou a Rainha, o que cria na minha cabeça a imagem acelerada dos emails e faxes que chegam às redacções, tudo num frenesim embalante. Resultado: o senhores chegam ali e debitam a velocidades incríveis os nomes dos estilistas. Gostei particularmente do vestido da J.Lo e da Helen Mirren, um clássico em pérola Christian Lacroix, eterno na verdade, a senhora estava muito bela, apesar de os rumores dizerem que ela não tinha soutien e foi à comando para a festa! Muito bom, todo o gossip que se gera à volta durante os dias seguintes. O Showbizz me encanta...

No que toca aos prémios em si, não fiquei muito surpreendida, quer dizer, não sou grande especialista na matéria, gosto mais do tapete, mas percebo porque premiaram o Marty, o senhor já fez filmes atrás de filmes, estava na cerimónia com um ar enfadado, acredito que tenha sofrido momentos de chateamento profundos pelas caras que fez, parecia que tinha estado a dormitar. Vê-se logo que o senhor já não tem idade para aquelas andanças, é preciso premiá-lo rapidamente, não se sabe se para o ano volta...

Enfim, pareceu-me que o filme mais curioso para se ver nos próximos tempos será El Laberinto del Fauno os tais estrangeiros que ganharam muitos Óscares, na verdade, a noite foi deles e ainda bem, sempre injectaram umas caras novas na coisa, outras formas de ver o cinema, o que é óptimo, não que me pareça que só deveriam ali estar a concurso filmes eruditos, freaks ou whatever, só que todo o processo me parece viciado e cizentão apesar dos vestidos coloridos das celebridades, das caras cheias de base, as limusines...tanto brilho cansa-me e faz-me perder a mensagem essencial, tal é o circo feito à volta dos prémios.

Já os filmes que ali concorrem também já vêem à partida saturados com as críticas e reviews e gossips, análises enfadonhas que aumentam ou diminuem o filme a belo prazer e me vão tirando vontade de ver a peça cinematográfica. Hypes atrás de hypes que se alimentam deles próprios, basta ver a capa do Ipsilóne desta sexta-feira: a má crítica criticada pela crítica que dá bolinhas aos filmes que não aprecia, mas que ironia das ironias são os filmes que público mais gosta e os Óscares nomeiam, baralhados? Eu também. É um trocadilho tipo o senhor sabe que eu sei que você sabe e afins. Boring tudo muito boring.

domingo

Os fins de semana são uma treta, só me apetece dormir e pastar, porém o meu cérebro tem vontade de fazer qualquer coisa para além disso, de molengar o dia todo. Faço muitas piscinas, atendo muita gente, falo e repito-me vezes sem conta durante o meu dia.

Tenho que estar motivada e feliz, sempre de sorriso nos lábios, tenho de pensar e elaborar estratégias de produtividade de cinco em cinco minutos, de cinco em cinco atendo uma dúvida existencial de alguém, de cinco em cinco dou aquele apoio e olhar compreensivo de quem ali está para o que der e vier. E tudo isto me esgota, conclusão: chego ao fim de semana e só quero sopas e descanso, sem antes ter putas e vinho verde, mais cerveja, música, festa e conversa, no entanto, e não raras vezes, sou bicho-do-mato, depois de ter esgotado as reservas que vou guardando religiosamente durante a semana, para estar com quem gosto nos dois dias de descanso, que rapidamente se esfumam, mesmo à frente dos meus olhos.

E acabo, sempre, por não conseguir fazer tudo o que quero, isto porque tudo o que me apetece fazer é nada!!!

quarta-feira

Gosto de pensar que a vida é longa, comprida, sem fim à vista com espaço e tempo para fazer tudo o que possa ter imaginado com espaço e tempo para experimentar tudo o que não tenha desejado com espaço e tempo...

Pode ser uma ilusão e à medida que a vida corre, apenas desejo caminhar nela, bem situada e preparada para saltar de galho em galho.

Ando surpreendida com ela, para quem arranjou um blogue com o intuito de escrever, deitar fora o que me feria e queimava, me enchia de ressentimento e raiva, nada mau! Curei-me, recuperei-me, reparei-me, cataloguei, arquivei e não esquecerei. Caminho numa outra estrada, sou senhora de vontades fortes e enraizadas...

sexta-feira

Agora percebo na pele que o problema do Mundo é estarmos sempre a viver e comunicar em esferas diferentes. Cada um de nós puxa a brasa à sua sardinha e pouco nos importamos com os da esfera abaixo ou acima de nós.

Sempre tive problemas na aceitação e convivência de hierarquias, mas bem vinda ao mundo real, a vida é feita de escalas de poder, influências, perguntas e respostas. Porém, não me canso de esgrimar e batalhar por o que acho que é justo e não me arrependo de empunhar o estandarte do que considero que é o mais certo. Eles fazem o que está certo na sua esfera e eu também faço o mais certo na minha, procurando sempre o entendimento e não me arrependerei. Sei-o, não escolho o caminho mais fácil, recuso-me, reconheço uma boa luta, sei quando me devo retirar e mesmo que não o saiba, não me recuso a aprender e a experimentar!