quarta-feira

Ryszard Kapuscinski foi um repórter polaco que fez a sua carreira de jornalista nas agências noticiosas e mais tarde escreveu uma série de livros para assim partilhar o que viu e viveu enquanto tentava fazer chegar ao Ocidente o que se passava no Terceiro Mundo, especificamente em África. Começou a sua carreira aos 17 anos numa revista polaca, formado em História, escreveu livros até ao fim da vida.

Pelo que li, este senhor tinha uma vontade imensa de partilhar e contar histórias de sítios bem distantes da nossa realidade e contribuiu como só os que são generosos o fazem, para a construção de pontes entre as nações e os povos. Li também uma entrevista que a Pública publicou em 1998, se não estou em erro, e fiquei com vontade de ler mais e mais, fiquei com vontade de ver as paisagens que este homem viu, de perceber a forma como olhava o mundo.

Também percebi que olhava o Mundo com crueza e sem grandes eufemismos, tal e qual como era. "Passeou" por África, viveu e partilhou com a gentes que se foi cruzando a mesma farinha e o mesmo chão onde várias vezes pernoitava e dai, trouxe histórias que concerteza o mudaram e mudaram quem o leu, nem que fosse num curto parágrafo.

Disse que actualmente não se faz jornalismo de qualidade, jornalismo que mostre e exponha assuntos de forma aprofundada e cuidada, salvaguardando sempre exemplos positivos. Para ele a televisão engoliu o verdadeiro jornalismo. Talvez por isso se tenha virado para a literatura, para ter tempo, espaço e atenção para reflectir e reconstruir as suas viagens e experiências. Kapuscinski viveu e exerceu um jornalismo militante e de causas e foi e é por jornalistas como ele que sempre quis ser jornalista.

Escreveu livros sobre o Xá do Irão e sobre o Imperador da Etiópia, o mítico Ras Tafari. Esteve lá, viu, conheceu, conversou e perguntou, quis saber mais e ir mais além, pensou e reflectiu. Estas são as directrizes de qualquer jornalista. Além dos livros, espero que tenha plantado árvores e tenha tido filhos. Parece-me uma boa e romântica semente para se deixar neste Plano.

Kapuscinksi, Ryszard nasceu a 4 Maio de 1932 em Pinsk na Bielorússia, morreu no dia 23 de Janeiro vítima de um ataque cardíaco, em Varsóvia na Polónia. Foi nomeado várias vezes para o Prémio Nobel da Literatura, foi condenado ao fuzilamento por 4 vezes, esteve em 12 frentes de batalha, presenciou e viveu 27 revoluções e golpes de Estado, conheceu parte considerável do Mundo. Sobre o facto de nunca ter ganho o Prémio Nobel da Literatura Ryszard disse numa entrevista à Reuters de 2006 que escreveu para "pessoas de qualquer lugar ainda suficientemente jovens para estarem curiosas sobre o mundo."

Ele manteve a curiosidade e vontade até à última e por isso, se deve ter mantido jovem até ao fim.

fontes: Wikipédia, Público e Pública

terça-feira

"Com um sorriso nunca estaremos sós."

Depois também há as amigas a rokarem: http://www.syzygy.com.pt/nav/novas.html ou myspace.com/syzygy1982!
Mayor Carmona Rodrigues e outros "ses"

Existe uma polémica nova à volta dos cortes orçamentais da Experimenta Design, depois da organização do evento ter já bastantes acordos estabelecidos inclusivamente com o Ministério da Economia e o Ministério da Cultura a Câmara Municipal de Lisboa decide retirar o pelos vistos, essencial apoio a esta iniciativa que faz já parte dos circuitos internacionais do design.

Admira-me que tudo isto se passe em simultâneo com toda a confusão que envolve o Presidente da Câmara de Lisboa Carmona Rodrigues e o seu respectivo executivo no caso BragaParques. O homem está de cabeça perdida. Primeiro o vice-presidente da Câmara é constituído "informalmente" arguido no caso BragaParques (1), depois a Vereadora do Urbanismo e visto a confusão suspende o mandato por 8 meses, isto e porque segundo a mesma, os pais ensinaram-lhe melhor que isto e que quando uma pessoa se vê envolvida nestas polémicas, não são as directrizes ou fidelidades partidárias que devem pautar a nossa conduta, mas sim o que aprendemos em casa.... Ela lá sabe, cá para mim ela fugiu enquanto pode!

Entretanto o Mayor de todos os lisboetas aproveitou um dia destes para mostrar que a chefia deve ser sempre a primeira a dar o exemplo e por isso, declarou que se o Fontão de Carvalho seu vice-presidente e vereador da CM for efectivamente constituído arguido ele próprio se demite (2), mas como o pessoal é livre de se contradizer e aqueles que têm mais responsabilidades perante a sociedade civil são os que mais se desdizem, o excelentíssimo Presidente diz que mesmo que o Fontão seja considerado arguido, vai continuar a exercer o seu mandato até ao fim (3)!

Não sei, ninguém lhe pediu para se demitir, ele é que se chegou à frente para depois dizer que afinal quer é ficar sentadinho na cadeira do poder e ter a possibilidade de passar os fins de semana na casa de Monsanto, spot verde bem bonito e fresquinho, mesmo às portas de Lisboa com vista privilegiada sobre a cidade e também sobre fenómenos de exclusão e problemas sociais q.b.

Sejam as fontes destas notícias de pouca confiança, seja os jornalistas que querem é ver sangue ou até o Carmona que realmente o declarou, estamos na República das Bananas e é por isso que até acho possível que o Carmona tenha dito que se demitia se o Fontão for constituído oficialmente arguido. Deixo também o link para o comunicado da Experimenta - http://www.experimenta.pt/experimenta/pt/experimentadesign/exd07.htm e também aconselho mais uma pérola http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283971&idCanal=93, desta feita o D. José Policarpo explica porque é que a educação sexual é bem-vinda, mas apenas e só se transmitir os valores da castidade...

Aí os "ses", se os "ses" não existissem a nova vida seria tão monótona e o jornalismo actual estaria perdido.


(1) - http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283716
(2) - http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283925
(3) - http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1283987&idCanal=21

sexta-feira

Hoje, no Metro pedi a intervenção do divino aqui no plano terreno. O que eu queria para o Natal apesar de este já ir longe e o meu desejo poder ser transferido para o Carnaval ou coisa que o valha, por favor acabem com a televisão no Metro e a publicidade no Cinema, ninguém merece.

quinta-feira

Dói-me a cabeça de tanto barulho: "é você e mais quem e usa internet, ouve rádio, qual?"Uma infinidade de perguntas inúteis e fúteis que rendem todos os dias o meu salário várias vezes, suspeita infundada mas que não é assim tão impossível de se dar. Vigio, guardo, direcciono um rebanho, uma horda de gente faladora e maçadora, mc´s sem tempo para respirar, lançam os melhores e mais cuidados flows, num discurso sempre igual, ora rápido, ora lento, mais alto ou mais sussurrado. Vozes simpáticas, ansiosas, dengosas escorregam pelos fios ópticos da PT directamente para sua casa.

Há dias em que a orquestra está realmente bem afinada e falam todos ao mesmo tempo, "o meu nome é ??? e estou a ligar da ???, que é uma empresa de ??? e tal e tal". Desconfio que não haja orquestra de génese espontex tão coordenada como esta! No entanto, duvido várias vezes das capacidades de aprendizagem de muita gente, conseguem decorar, mas tem graves problemas em resolver situações de conflito ou factos inusitados. Aquilo que poderia dar algum, mesmo que pouco prazer quando aqui estamos armados em autómatos seria o facto de do outro lado estarem pessoas como nós que muitas vezes têm relutância em serem tratadas como números de telefone, das quais apenas interessa a idade e o sexo e por isso, subvertem todo o telefonema. Daí tirei o relativo gozo possível de alguns meses de telefonemas anónimos e estatísticos, personagens e reacções várias, malucas, eram essas que me faziam recordar um pouco das 3 ou 4 horas que teria passado ao telefone. Sim, porque de resto, saía de lá e passado 30 minutos já nem sabia o que tinha estado a fazer, onde tinha estado a trabalhar.

Agora o trabalho não sai tão facilmente de cima, antes fosse, agora e várias vezes, mais do que desejaria ele dorme comigo. Dormes sozinha todos as noites? Não, tenho o trabalho! Não aquece os pés, não faz festinhas, apesar de não cheirar mal da boca não deixa dormir e invade os meus sonhos sem pedir licença.

Para falar dos que aqui se sentam durante estas 4 horas e incessantemente telefonam e maçam seriam precisas umas quatro ou cinco horas, cada um com a sua particularidade, há para todos os gostos. Ora de olhos parados e esbugalhados como quem daqui quer sair a voar, ora energéticos e novos, velhos e cansados, bancários, administrativos, estudantes e vendedores, há de tudo aqui. espelham a vida actual pelo simples facto de trabalharem mais todos os dias do que descansam, do que se divertem, do que se podem entregar ao ócio, ao divertimento, ao saber ou ao conhecimento ou tão simplesmente aos de quem gostam, ao passeio descontraído pela cidade ou por outras paragens, em troca, têm carros, casas, roupas e hábitos, contas para além do que poderiam suportar.

As semanas de selecção de novos colaboradores é uma risota pegada, também uma canseira, dificilmente quem vem às entrevistas tem vontade de falar sobre a sua experiência profissional ou do que o poderá motivar para ter mais um trabalho ou apenas este, também fico com a sensação que não sabem muito bem o que procuram, havendo mesmo pessoas que não sabem ao que vêem. A propósito desta última tive uma senhora que chegou uma hora atrasada à conversa que tínhamos marcado, lá se sentou na sala e quando comecei a explicar as condições e o horário do trabalho, a senhora não tem mais nada, levanta-se da sala e entre um fracamente entoado "Não estou interessada" sai da sala.... A minha alma de tão parva que ficou deixou-me sem reacção possível, desejei-lhe boa tarde e até lhe agradeci por cá ter vindo, Agradeço ainda hoje pela sinceridade e por me ter mostrado mais um tipo de pessoas, aquelas que tendo emprego, são esquisitas em fazer o que tem que fazer, sustentar-se a si e talvez a outros.

Nesta sala, maior parte das pessoas trabalham 12 horas por dia, quando aqui chegam às 6 ou 7 da tarde, trazem caras cansadas e corpos pesados, já tiveram a sua dose de exigências, ordens e patrões, tarefas, reuniões ou apenas e tão só o passar dos dias.

Tenho pena de não existir na sala uma janela com vista para a rua, só vejo destas três e grandes janelas o prédio da frente e as traseiras dos vizinhos, não se passa nada, é uma cidade fantasma, como está mau tempo os gatos não saem para se estenderem nos telhados, ninguém põem a roupa a secar ou usufrui dos pátios de rés do chão!

O movimento é aqui dentro, raras vezes existem momentos de silêncio absoluto, mas também os há e nessas alturas não se ouve uma mosca aqui dentro, todos param para ganhar fôlego, sem gente com quem falar do outro lado, o manto do calmo silêncio cai por aqui e é muito bem-vindo, por mim, porque daquele lado, poucas vezes se apercebem que ninguém está a falar, estão todos caladinhos, a descansar as cordas vocais e os olhos que parecem ventosas coladas ao monitor que lhes mostra sempre o mesmo script, a mesma lenga-lenga. Estas lengas-lengas instalam-se facilmente no nosso espírito como que por magia, lembro-me que na altura que as recitáva tinha pena de não decorar tão facilmente a matéria de Economia como decorei esta lenga-lenga que todos dizem literalmente e não raras vezes de olhos bem fechados.

Olhos bem fechados é o que temos de ter enquanto mortificamos mais um pouco a alma, enquanto mais um dia nos sentamos em call-centers, servimos cafés, aturamos chefes chatos, não entendemos certas e determinadas directrizes e nos interrogámos porque é quem trabalha não tem mais não detém mais do que produz?

Pode parecer uma questão ultrapassada, marxista até, mas nunca ninguém me respondeu até agora de forma satisfatória. São mais 40 anos!

sexta-feira

O tempo passa e por vezes nem me dou conta no lufa-lufa dos dias sempre mais ou menos iguais, que deveria tratar este portal para o desabafo mais gentilmente!

A Floribela, esse trunfo inesgotável da SIC habita todo o espectro infantil neste país, mas será possível que esta maléfica e intragável personagem faça anúncios para crianças, esteja sempre incluída em quase toda a programação da SIC, tenha musical, cd, dvd, roupa, sapatilhas, adereços e sei lá mais o quê? Já não aguento mais, ela é o Danoninho, ele é o especial passagem de ano, ela está em todas as capas de revista da especialidade semana sim, semana sim, domina as audiências e entorpece mais um bocadinho os cérebros das criancinhas, Arre que é demais, este Penim (director de programação da SIC) quer-nos levar à loucura e exaustão.

Esta é a estratégia televisiva de Portugal: eleger uma série e dá-la, repeti-la até não dar mais, até arranjarem outra produção nacional intragável e abaixo de qualquer crítica. Na TVI temos os Morangos com Açúcar e sim, venceram-nos pelo cansaço, ninguém já fala mal dos Morangos sem Piada, já ninguém se admira, estamos conformados e instalados no sofá lá de casa a ver a morangada especial Natal, especial São Martinho, especial o raio que os parta.

Mas melhor, melhor (e que normalmente se vê nestas épocas festivas) será sem dúvida "convidar" o elenco da série Jura para estar presente na passagem de ano na casa da Floribela(!!!) e como se não bastasse, convidam também a Teresa Guilherme e o próprio e dispensável Penim, dasse...não há limites à vista?

A RTP dá-lhe com o especial e extenso Dança Comigo no Campo Pequeno, a TVI com o Canta Por Mim e o pessoal da SIC não vai de modas e enfia todo o elenco das séries mais vistas na estação, na casa da fadinha mais ri-fixe de Portugal. Não esquecendo que continuam todos a vestir as personagens, misturando argumentos, referências e produções.