São muitos os destinos que gostaria de visitar e de voltar e como não poderia deixar de ser Barcelona é um deles. A cidade mediterrânica por excelência. Nas ruas sente-se a presença do mar, apesar de às vezes também se sentir um ar pesadão devido à poluição! As ruas nos bairros antigos estreitas e frescas, são constituídas por edifícios altos e escuros. As Ramblas agitadas e cheias de gente constituem o coração da cidade, à semelhança de outras grandes cidades europeias, é aqui que se situam as lojas e restaurantes, bem como os artistas de rua, que vão tentando a sua sorte com os turistas que são mais que muitos. Pelos vistos Barcelona é o destino urbano mais procurado pelos Americanos e um dos mais frequentados pelos turistas do mundo inteiro.
Tomam a cidade e não só na época alta, em Barcelona os turistas são presença permanente. Entende-se porquê, a vida nesta cidade é doce e pacata, apesar de ser um grande metrópole e capital da Catalunha. Ao andar pelas ruas, nota-se que é uma cidade rica, onde o nível de vida não sendo exageradamente caro, alberga produtos e serviços de luxo.
É sem dúvida uma cidade cosmopolita, habitada por gente de todos os cantos do mundo, o que lhe dá um toque colorido e universal. O novo encontra-se com o velho e a cidade está na sua generalidade bem tratada e recuperada. Vê-se que existe uma estratégia municipal no que toca ao turismo, nesta cidade. Os inúmeros eventos são mais que anunciados, os locais de romaria turística estão em bom estado e os espanhóis ou catalães neste caso, gostam da sua cidade e estimam-na. São bem educados e afáveis o suficiente para que os turistas lá queiram voltar e nutram depois da sua estadia um carinho especial pela cidade. Os catalães não são como os madrilenos, enquanto em Madrid se sente uma maior euforia e a verdadeira génese dos espanhóis, bem como a tão falada movida, em Barcelona as pessoas são mais calmas, não tão expansivas, sem nunca serem antipáticas ou mal-educadas e muito menos fechadas em si mesmas.
As bicicletas são outra das apostas de Barcelona, muitos dos seus habitantes movem-se desta forma, transportam-nas no metro e claro, que os turistas seguem esse hábito e não é nada raro, vê-los pelas ruas somente a passear de bicicleta, a desfrutar o facto da cidade ser plana e ter várias vias para os ciclistas em quase todas as áreas nobre da cidade.
A quantidade de turistas é indescritível nas principais artérias de Barcelona anda-se em bloco e em fila indiana mais ou menos organizada, nas ruas ouve-se quase todas as línguas e muitas vezes, nos pontos turísticos mais procurados, não se vislumbra um catalão. Não me admira que fujam destes sítios, a sua vida quotidiana deve- -se tornar por vezes complicada.
Fiz uma visita de quatro dias a Barça e como foi a primeira vez, optei por uma vista de olhos geral à cidade e dentro de moldes bem tradicionais. Visitei a Sagrada Família, o Parque Guel, a zona da Marina, as Rambolas, o Bairro Gótico, a Cidade velha, o Raval e perdi-me nas diversas avenidas e ruas da cidade, sentei-me em esplanadas a saborear uma cerveja ao fim do dia e dpois de mais uma jornada turística. Vi de fora a maior parte dos monumentos de referências, as entradas são caras e o pessoal tem pouco poder de compra. Entrei no MACBA onde vi a exposição permanente. Visitei e sentei-me em diversas pracinhas da cidade. Fui a bastantes mercados de comidas que são deslumbrantes e cheios de cores e cheiros intensos. Visitei ainda o Mercat dos Encants, feira que aglutina pechibeques e produtos típicos de feira da Senhora da Hora, mas também tem móveis, roupa em segunda mão e muita gente, filas compactas de fregueses à procura da melhor pechincha.
Gostei de Barcelona como me agradou Amesterdão, cidades de média dimensão em comparação com as gigantes Paris, Londres e Madrid, cidades que têm tudo os que anteriores têm com menos gente, mesmo que estas sejam metrópoles com dimensões populacionais assombrantes, onde é fácil sentir que nos podemos diluir no meio da multidão e fazer de conta, durante um curto espaço de tempo, que somos dali!
Sempre que volto de Espanha, sinto que lá quero voltar mais vezes e conhecer mais cidades, é um país variado e onde me parece que existam cidades para todos os gostos. Barcelona é popular e democrática, apesar de também ter zonas burguesas e ricas, já Madrid, onde estive duas vezes, é a capital do reino e faz questão de o demonstrar, é uma cidade pesada, austera, escura, que curiosamente contrasta com os seus habitantes. Considero os madrilenos mais histéricos e expansivos.Salamanca é a cidade de tradições, religiosa e académica, cheira-se um certo conservadorismo à distância. Porém, e devido às inúmeras universidades, é uma cidade jovem que deixa conviver no seu seio estas duas realidades. Quando lá estive numas férias da Páscoa assisti a inúmeras procissões religiosas que conviviam naturalmente com a boémia que se faz sentir em Salamanca. Cidade de estudantes, alberga inúmeros bares e discotecas.
Por Sevilha já passei várias vezes e a última vez que lá estive ainda passei-e durante uma tarde, é bonita e imponente, tem uma cor de barro que me agrada, sempre que lá passei na Primavera ou Verão experimentei temperaturas altíssimas, lembro-me que uma vez depois das 9 da noite estavam 30 e tal graus.
Agrada-me nos nossos vizinhos o seu gosto pela vida, gosto de gente que vive na rua que não se fecha em casa e que goza as cidades onde habita, até em Algeciras, cidade verdadeiramente desinteressante e feia, as pessoas andam nas ruas até altas horas da noite. O centro que é um bocadinho mais agradável, está sempre cheio de pessoas a encher os cafés, restaurantes e bares e Algeciras é sem dúvida um dos sítios mais feios e sujos onde já estive!
Não sei o que os espanhóis fizeram e depois de saírem de uma ditadura como nós, para apanharem tão rapidamente os restantes países europeus, mas acho que os devíamos ouvir. Claro que Espanha tem inúmeros problemas e dramas. Tem a ETA e os independentistas Catalães e muitas outras regiões que gostariam de se separar do estado Espanhol, logo, uma série de conflitos delicados, várias identidades culturais e linguísticas e consequentemente, várias formas de ver a governação das regiões que apesar de tudo, gozam de alguma autonomia. Acredito que não seja fácil lidar com todas estas sensibilidades e realidades, porém os espanhóis não são pessimistas, nem eternamente saudosistas. Primam pela competência e pela iniciativa, têm horizontes abertos e apesar da sua política agressiva de imigração e fechamento das suas portas para a Europa, aproveitam o potencial dos imigrantes que já lá estão.Não são perfeitos, mas são suportáveis.
É verdade que sempre que fui a Espanha ouvi respostas absurdas e desagradáveis como desta vez: fui buscar uma cerveja a um bar e teve que ser de vidro e o empregado de bar aproveitou logo para me perguntar ironicamente se eu sabia o que era a reciclagem! Pronto, coitadito, gente desta vê-se em todo lado, respondi-lhe a rir-me que sim, conhecia a reciclagem e que no meu país também existe. Virei-me e fui embora, mas não vai ser por isso que vou dizer que todos os espanhóis são arrogantes. Borrifo-me nele! Os franceses são o mesmo, os ingleses também e so what? Os portugueses aldrabam os turistas sempre que podem!
A minha mãe detesta espanhóis, conheço muita gente que nos os pode ver nem pintados, algumas destas pessoas estiveram lá poucas vezes ou limitaram-se a ir comprar caramelos a Badajoz,outras conhecem-nos bem, mas também conheço bastante gente que vivendo na fronteira e perto de nuestros hermanos, não querem outra coisa. Não se gosta porque não se conhece ou porque se conhece bem demais. Eu pretendo continuar a descobrir, não só os espanhóis como os restantes habitantes e sítios deste mundo, afinal como diria o outro "está tudo aqui"!É pena que na lufa-lufa do dia-a-dia nos esqueçamos o quanto é bom e revitalizante passear por aí, apanhar um avião, um comboio, uma trotinete e rumar ao desconhecido!