quarta-feira

Saltimbanco por aí!

Mais mudanças se advinham, no meu caminho vão aparecendo outras ruelas e travessas e depois de avaliar as coisas na minha cabeça e de deixar de estar estupefacta como tudo acontece, percebo que sei adaptar-me a elas, que não digo que não, que não me fecho, pelo contrário, vou e saltibanco de poiso em poiso, sem medos, sem receios, só expectativas, sempre cheia delas.

Que seja diferente, que seja quente, que seja enriquecedor, viajo cá dentro, mudo-me daqui para ali, vou-me mudando, dentro e fora.

Tenho tido dias, noites e semana intensas, daquelas de tirar o fôlego, ando e ando e destapo as salas escuras e desconhecidas e descubro-me e revejo-me...acompanhada, afirmo-me como sou, abro-me e mostro-me. Também descubro, apalpo terreno às cegas, apenas uma luz me guia e umas outras mãos que não as minhas, que ora se sobrepõem às minhas ora se entrelaçam e são grandes e fortes e fazem-me bem!

E neste jogo de sedução, neste jogo da descoberta reforço-me, revitalizo-me, cresço, aprendo e sinto, não sentia assim há muito, não sentia tão intensamente um sentimento que nem sei qual é, que nem conheço, mas não me assusta, excita-me, dá-me energia e consideráveis doses de adrenalina.

A cada sorriso, a cada abraço, a cada beijo, a cada noite, sei que vivo, não sei o que vivo, porém é bom, o desconhecido é tão bom que sou capaz de me viciar.

E por isso, se tenho que me mudar, mudo-me de sorriso aberto e largo, mudo-me todos os dias, transformo-me e automizo-me mesmo quando me ligo a ti, aos outros, ao mundo. Fiz uma ligação à terra, ao centro da vida, ao centro da alma, é para aí que vou ou tento chegar.

A passagem por cá pode ser tantas vezes fria, desesperante e cinzenta, mas a cada manhã, a cada suspiro louvo a minha existência. Que acabe amanhã ou dure sem data para acabar, vale a pena este turbilhão de emoções.

sábado

A quarentena

Enigmas para aqui e para ali! Parto a cabeça para lá chegar, não consigo...Reclusões de almas atormentadas? Silêncios pesados e barulhentos?

Para tudo isto, bastam-me os meus, indecisões alheias, medos desconhecidos, também os tenho e já me é difícil carregá-los, dispenso os teus.

Carrega-os tu! Parte a tua cabeça, deixa a minha em paz.

Precisa de parar, de se centrar, de esquecer a selvajaria do mundo, deixei-te entrar para que me desses uns braços e abraços, para que me protegesses do frio e do cinzentismo e não para estares presente na tua ausência, nem te pedi nada, só que visses a alvorada da minha janela de frente para o lago, nem sempre, só às vezes, só quando os corpos se apetecem e os humores estão em sintonia.

Sem preocupações ou complicações, sem dramatismos ou racionalizações vãs.

segunda-feira

Caí da bolha ou os as merdinhas que nunca mudam

Dos ecos que chegam à bolha da minha felicidade os problemas são sempre os mesmos, sinto que nestes últimos dias andei quilómetros em frente porque fui corajosa e enfrentei os meus fantasmas e quando volto, por força das circunstâncias, ao mundo real nada mudou e no entanto, sinto-me tão maior, tão melhor, tão mais feliz que não percebo porque as coisas não se transformam e mudam.


Sempre os mesmos conflitos, as mesmas questões, as famílias disfuncionais, a falta de dinheiro, a falta de compreensão entre pessoas que se deveriam entender, caminhos distintos percorridos por pessoas do mesmo sangue e como diz o outro "makes me wonder" se vale a pena criar laços com outras pessoas e sim, é esta a questão que me persegue e sempre me partiu a cabeça e me faz ter medo de quem se chegue perto.

As cobranças, as palavras duras e ditas nos momentos de maior fragilidade, o uso do conhecimento do outro para magoar, a confiança que damos a quem nos conhece desde sempre e que nos infringe os mais duros golpes. Tudo sem pudor, tudo sem razão, tudo pelo orgulho, pelo poder e pela vontade de ditar o caminho dos outros, mais que o seu próprio.

Saí da minha bolha e dói-me a cabeça, saí da minha bolha e fiquei com comichão na cara, saí da minha bolha e nada pode aplacar esta vontade que tenho de me esconder outra vez!