Levamos cinco horas a encontrar um sitio para dormir. Em Creta e especialmente neste lado ocidental da ilha, os empreendimentos turísticos são mais que muitos e as zonas livres de presença humana estão bem escondidos.
Na noite que antecede esta foto ainda experimentamos dormir em frente a um hotel. Impossível! A música a bombar e os mosquitos a atacarem foram suficientes para que rapidamente fôssemos em busca de outro sitio. Lá encontramos e apesar de o mar estar à nossa frente, a paisagem mais bonita está mesmo atrás do jeep: um mato cerrado, verde. Mesmo no lado esquerdo do carro umas ruínas assustadoras de umas casas enfiadas num socalco de terra castanha.
Confesso que depois das cabras a minha maior preocupação era acordar no meio delas, as gajas saltam que se fartam e nas montanhas que nos rodeavam seria bem provável que vivessem muitas! Mas não, dormimos sossegadas, meias tortas e com a ondulação do mar a embalar o nosso sono pesado. E confesso que foi a primeira vez que tive frio na Grécia dentro do nosso carro descapotável! O vento entrava pelo carro adentro e gelava-me a cabeça, aliás, de todas as noites que passei lá, foi a única em que me meti dentro do saco cama e desejei que ele fosse ainda mais comprido, assim um sarcófago protector e quente! Porém, o cansaço de turista é lixado e acabei por adormecer. Sempre alerta, porque se de manhã esta praia era mais um spot encantador e delicioso, durante a noite era mato envolvido por ruínas, uma estrada de terra batida que não sabíamos onde acabava, um bar fechado e uma casa feia com uma luz acesa. E claro, o mar a bater nas rochas.
Creta na sua generalidade, é uma ilha de beleza natural rude e austera, tipicamente mediterrânica, rural e castanha, onde é fácil fazer filmes e morrer de medo durante a noite;)
Sem comentários:
Enviar um comentário