quarta-feira

Apetece-me gritar que quero mudar de vida, nada de especial, que me apetece encontrar novos caminhos e tudo e tudo. Então, na busca pela letra do evidente "Muda de vida" do Variações, deparei-me com a vida do homem que ansiou ser mais do que lhe tinha sido, hipoteticamente destinado( se é que isso existe).

Evidentemente que este senhor é uma fonte de inspiração, não só para mudar de vida ou escrever longos posts, ou talvez sim, mas para acreditar que tudo se torna melhor quando temos vontade de viver. Ganas de viver muito e não deixar que o tempo passe, ganas de sentir mais, ganas de sorrir e aprender, descobrir e partilhar. De afirmar o meu lugar, o meu espaço, tal como sou, assim, normal e disparatada, mas com força e vida, momentos de coragem e cobardia. Como diz outro grande senhor (Sérgio Godinho) o que difere um corajoso de um cobarde é a direcção que cada um toma. O primeiro foge para a frente e o segundo para trás. E de caranguejo temos todos um pouco, bem como de tolos e disparatados.

De sensatos e de acertivos, ambiciosos e lutadores também, mas menos, porque a perfeição pertence aos Deuses e o que deverá contar é a fidelidade aos anseios, desejos e vontades.

Então, para lhe agradecer o sorriso que me ofereceu, resolvi, mesmo assim, postar a letra de uma das minhas músicas preferidas do ironicamente, cabeleireiro mais popular de Portugal.

"Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais

Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Porque já estou farto
De ser o olfacto
Da tua laca e desse spray
Que é de uma marca que eu cá não sei
Ah, esses teus sais
Eu já não aguento mais

Estou enjoado do teu perfume
Esse extraído de um raro extrume
E com esse bass-stick
Não há nariz que não fique
Saturado de cheirar
Pára é de me gastar

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais

Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Não sou coisa nova
Para a tua moda
Não sou trança do teu penteado
Nem cabide do teu novo fato
Sempre gostaste de ser
A cópia do geral paracer

Não sou espelho da tua vaidade
Nem a pastilha do teu à vontade
Não, comigo não
Não sou canal de televisão

Creme de noite, creme de dia
Um que endurece, outro que amacia
Tratas muito da fachada
Por dentro não tratas nada

Não me consumas
não me consumas
Não me consumas"

António Variações



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