terça-feira

apetece escrever sem ler o que fica nas linhas do papel que e que não representa uma angústia. angustiante é a vida e as suas escolhas, os caminhos que transformo em letras, pretas e espessas. que no seu conjunto não raras vezes a preto e branco, vão colorindo o vendaval que sobre ti se abate.

ingenuamente, encho o lençol e sou invadida por um prazer aliviante, de esvaziar o recipiente pensante, aglutinador do mundo em mim.

alma que me atormenta nas noites de calor, sufoca o corpo e a mente, transborda do cérebro a lava incandescente do dilúvio temperamental do dia e noite que passa e se entreanha na pele. de onde vim sei, para onde vou, páro na estrada dos caminhos escuros, reluzentes de promessas, perco-me nos trilhos falsamente fáceis do percurso. entre as árvores sons, cheiros e óasis de vidas e cores que ilucidam a passagem, o futuro caminho. no meio e entre o ambicionado e o presente, braços de árvores centenárias, frondosos ramos cortam a vista de ir mais além.

casas aconchegantes e ternurentas, cheias de familariedades e cantos explorados, apinhados de rotinas e hábitos, umas vezes coloridos, umas vezes extenuantes e chatos. Nem um buraquinho no chão do refúgio. Os animais e secretismos já não vivem aqui. Apenas o pó criado pela contemplação e hábito do conforto e aconchego.

quando sopra a briza, o vislumbre, nada claustrofóbico do mar calmo e fresco, depois da falta de sombra, alimenta o desejo de mergulhar, novamente, no caos refrescante que vive em ti, em mim, por entre os prédios de vibrações rectas e altas, ondulantes de recheio orgânico do viver e existir.

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