quinta-feira

Desde sempre achei a vida curiosa e as pessoas muito complexas. Não consigo apreender toda esta teia elaborada do mundo.

Para mim é tudo simples, não vejo os limites, não os consigo percepcionar, só os da minha vontade. Entendo-me bem, mesmo que às vezes não me reconheça, compreendo as raízes do meu ser e...não sei que faça com elas.

Somos ensinados a não fazer tudo o queremos, a não falar tudo o que pensamos, a não querer tudo o que desejamos e mais importante, somos ensinados que nem sempre podemos ter o que queremos. Sei disso tudo e também sei que só fazendo os possíveis e impossíveis para ter tudo o que quero e me é significativo é que experimentarei o que há para experimentar e sentirei a vida como deve ser vivida; intensamente.

É neste jogo dual que me vou fazendo; entre o que quero muito e não posso ter; entre o que posso dizer e quando me devo calar;entre o que penso e o que não faço; entre o que faço e não penso.

Há dias, noites, horas e segundos para tudo isto e o que mais me encanta, é que não nos apercebemos de tudo isto durante os tais dias, noites e horas e segundos, apenas me apercebo quando me olho e vejo algo de novo, algo refeito, algo desconhecido, na minha expressão, no meu corpo, no meu sorriso, no meu gesto, na minha mão, na minha acção, no meu discurso, no meu pensamento.

Tudo isto sou eu e ele, e ela e a multidão da qual faço parte. O reflexo que todos os dias vejo no espelho quando lavo os dentes e protejo com o creme a pele, das intempéries é um reflexo diferente, mas eu não me inteiro disto todos os dias.

Só às vezes, para não ser demais, para não me deixar de ser familiar. Mas há qualquer coisa de familiar na mutuação. Talvez seja o ardor com que espero reconhecê-la, assim que lhe pressinto os passos.



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